março
/
abril
de
2010 – R E V I S T A D A E S P M
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As empresas precisam saber quem são e para que servem
sil foi obrigada a trabalhar durante
10 anos com tecnologia medíocre e
ultrapassada e, no entanto, manteve
o
market share
de 75% porque, na
áreade recursoshumanos, nãohavia
competidor que chegasse perto. Esse
eranossodiferencial.
MÁRIO
– Nesse caso, a cultura da
Xerox estava mais baseada em re-
cursos humanos do que na própria
visão demarketing, ou seja, a área
de recursos humanos prevalecia
sobreomarketing?
CARLOS
–Sempreprevaleceu.
ÁLVARO
– Estoumuito interessado
em que se desenhe como vai ser a
cultura do futuro. Hoje, vivemos um
momento de imensa destruição, em
que o conceitode empresa – o que e
paraque existe– está sendoquestio-
nado. A empresa quemais exempli-
fica isso é oGoogle, que recebe um
bilhãodeconsultaspordia,dasquais
80% são inéditas, coisas que nunca
foram consultadas.Quemmandano
Google?Sãoessasumbilhãodepes-
soasqueestão formando suabasede
conhecimento.AequipedoGoogleé
compostaporengenheiroscompeten-
tes, que fundaramessaempresa com
umamissão clara: “Vamos mudar o
mundo dando informação de todas
as formas, degraça, paraaspessoas”.
Emcimadisso,temoquestionamento
sobre o que sobrou de cultura local.
Tiveoportunidadedeconversarcomo
presidentedoTwittersobrecomotudo
issoqueépostadopoderiasercoloca-
docomonotícia.Pergunteiaelecomo
se situaequais sãoosproblemasque
tem, namedida em que existem leis
locais.Deuma forma terminante, ele
respondeu: “Épor esse tipode restri-
çãoquenuncavouabrirumescritório
local emnenhumpaís, vou terminha
sedeesó”.Dentrodessaluz,tendoSão
Paulo comoaquartamaior cidadede
twittersdomundo, équedeveríamos
posicionar quais seriam as culturas
dasempresas.Na realidade, acultura
local sofre ummomento de intensa
destruição, as novas empresas que
estão com enorme sucesso–Google,
Amazon, Yahoo!, Wikipedia, Skype,
Twitter–são feitaspelosclientes.Tive
a honra de trabalhar por 17 anos na
Unilever e, dentro dessa cultura até
certoponto fechada, temosonúmero
1, treinamos os funcionários, vemos
asnecessidadesdoconsumidorefaze-
mosomelhorparaeles. Isso tudoestá
morto,nãoseaplicaparaasestrelasdo
futuroque estãomudandoomundo,
comoGoogleeTwitter.
MÁRIO
– Issonão seaplicamais, se-
gundo a sua visão, nem às empresas
fabricantesdebens tangíveis?
ÁLVARO
–Todosos tiposdeempre-
sas. Isso não se aplicamais nem em
empresasextremamenteorganizadas
que representam a cultura brasileira
commilharesdefuncionárioseadmi-
radores, comoasescolasde samba.A
escolaqueacaboudeganharoCarna-
val, aUnidos daTijuca, por exemplo,
teveotemadosamba-enredosugerido
por um rapazque, na realidade, seria
um “cliente” dessa empresa. Outro
exemplo é a Igreja Universal, que
hoje atua fortementenaproduçãode
notícias, comodona de emissoras de
televisão.DesdeocarropretodeHen-
ry Ford até o exemplo da Xerox, que
conseguiu se reinventar totalmente,
}
Até que ponto a cultura brasileira
vai influenciar aculturadoGoogle?
PelopresidentedoTwitter, noTwit-
ter não vai influenciar em nada.
~