Valores_Marco_2010 - page 98

MESA-REDONDA
R E V I S T A D A E S P M –
março
/
abril
de
2010
98
significadodoque está acontecendo
agora. O país mais dinâmico do
mundo conseguiu se ferir de tal for-
ma e ferir a economiamundial, que
o que sobrou foi a relação dele com
a China. Isso acaba tendo uma im-
plicação importantenopensamento
decada indivíduoedasculturasque
irãoemergirdissononívelnacional,
regional e internacional.
MÁRIO
– Será que as culturas dos
paísesestãomudando?
GRACIOSO
–Esseéumpontochave.
Discordo apenas quando você disse
queassimcomonocasodasempresas,
no caso da cultura nacional de um
país,aevoluçãotambémestáocorren-
do commuita rapidez.Não creioque
seja tão rápido. Valoresmudam com
muita lentidãoeháosquedizemque
umprocessodemudança,defato, leva
uma geração para incutir na cabeça
dos jovens que serão adultos daqui a
25anos,osvaloresdanovacondutaa
ser disseminada.Os famosos valores
da ética protestante, que seriam típi-
cosdospaísesprotestantesdoNorte,
migraram para oOriente. Com isso
respondo tua pergunta: hoje, países
comoCoreia, China, Japão e Taiwan
sãomuitomais“protestantes”doque
Alemanha,EstadosUnidoseInglater-
ra.Sãomaisvoltadosparaacomunida-
denosentidodepermanência, deelo
entreopassado eo futuro, enquanto
nós, doOcidente, nos tornamos cada
vez mais hedonistas e individualis-
tas. Ouvi um empresário definindo
os desafios desse novo século com a
frase: “Vamos ter muitos problemas,
masomais sério será conseguir con-
ciliaros interessesdaempresacomos
interessesmutantes da nova geração
que está se formando”. Com isso ele
quis dizer que é cada vezmais difícil
congregar epôr todomundoa remar
namesmadireção,oquepode levara
umviésculturalmaisvoltadoparaos
recursos humanos. As empresas que
estão dando certo são aquelas que
resolvemseusproblemascriandoelos
de confiança entre o negócio e seus
colaboradores. Conversando com o
IvanZurita, daNestlé, ele disse que
antigamenteaNestléerapaternalista
e que ele agora estava introduzindo
um tipo de gestão neopaternalista.
Quandoperguntei oque era aquilo,
aresposta foi:“É foconoserhumano
com um diferencial. Não garanto
mais aestabilidade”.
MARCONINI
– Concordo, mas con-
sidero rápidocomocultura, umamu-
dançaquepossaocorrernoespaçode
umageração.
SIMONE
– Uma geração da nossa
época era de 25 anos. Atualmente,
devido à grande velocidade com que
as coisas acontecem, uma geração é
de 15 anos. Na minha organização,
trabalhamos com o diálogo, que é a
únicamaneira includentedefazermos
qualquer mudança cultural ou de
mentalidade, que agora é realmente
urgente. Trabalhamos com o ser hu-
mano, oúnicoqueépermanente.As
outrasquestõessão impermanentese
externas. Falamosaqui em coalguma
coisa, que pode ser cooperação, co-
laboração. Isso tudo vai muito além
da competição, que é a cultura ainda
existente neste momento, nas orga-
nizações. Então há sim uma grande
mudança;écíclica.Omovimentoatual
érealmenteem tornodoserhumano.
}
As corporações que souberam criar um
balanço entre a visão global e a intimidade
local conseguiram fazer uma diferenciação.
Sinto isso na Unilever.
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