Roberto
Justus
17
SETEMBRO
/
OUTUBRO
DE
2006 – R E V I S T A D A E S P M
comunicaçãoéumdos fatores. Eles
são agressivos emuito voltados aos
seusclientes. Foi aempresaquedeu
crédito a quem não tinha crédito,
queabriuum lequedeoportunidade
a seus consumidores, percebeuque
os mais pobres são os que mais
prezam seu nome, não dão golpes,
não deixam de pagar. Casas Bahia
percebeu isso e começou a realizar
os sonhos das pessoas – essa foi a
grande sacada do Samuel Klein. E
acreditaram em comunicação. En-
traram forte,ocuparamosespaçose,
com isso, cresceram e tornaram-se,
de longe, a maior rede de eletro-
eletrônicos, móveis e eletrodomés-
ticos do país. A comunicação teve
sim um papel fundamental, mas o
que fez o sucesso foi essa forma de
entenderanecessidadedoconsumi-
dor, de dedicar-se a ele.
JR
–Você acha que essemodelode
CasasBahiapodeserexportadopara
outros países?
ROBERTO
– Tivemos algumas de-
mandas, por exemplo, do próprio
GrupoWPP, parauma redede lojas
na Índia, que queria conhecer esse
casedesucesso.Passamosparaeles,
com a autorização da Casas Bahia,
algumas informações. O mercado
da Índia émuitoparecido, eles têm
umacamadacarentedapopulação,
grandeecomcondiçõesdeserabas-
tecida por uma rede com esse tipo
dementalidade.
JR
– Em termos do Grupo WPP,
vocês têm exportado campanhas
feitas noBrasil?
ROBERTO
– Fizemos a campanha
internacional para a Perdigão.
Produzimos aqui e veiculamos.
O produto internacional Perdigão
tem alguns nomes diferentes – o
principal éPerdixparaproduzirmos
comerciais para a Rússia. Temos
feito alguns trabalhos para o Ori-
enteMédio e para aTAM, que tem
alguns interesses internacionais.
Fizemos para o Bradesco no Japão,
principalmenteparaos
dekasseguis
,
os brasileiros que utilizam a Rede
Bradescopara fazer seus investimen-
tos oumandar seu dinheiro de volta
paraoBrasil. Fizemos trabalhospara
a América Latina, para a Mercedes-
Benz. Outro aqui em São Paulo, um
trabalhodecoordenaçãodaGoodyear
paraaAméricaLatina.Enfim,hávários
trabalhos que temos feito, principal-
menteparaaAméricaLatina.
JR
– Queria falar também sobre a
sua atuaçãopessoal como apresen-
tador de televisão. Você tornou-se
praticamente uma personalidade,
quase que independentemente do
negócioda propaganda.
ROBERTO
– Mas sempre ligado a
negócios, porque omeu programa,
OAprendiz, é feitoemcimadeuma
base de negócios. Aquilo é uma
salade reuniões, éumacontratação
de alto nível que mostra para o
público como funciona. Creio que
essa atuação contraria, um pouco,
o nosso mercado, que é desunido
emuito invejoso. Acho que dei um
exemplo, nesse programa, que leva
um publicitário para todo o Brasil.
Nafinal tivemosmaisde30milhões
de espectadores assistindo e vendo
como é um grupo de publicidade,
tentando entender e respeitar um
pouco mais essa profissão que
sempre foi de intermediário, de
comissionado e nunca tão respei-
tada quanto deveria. Abordo isso
no meu livro – “Construindo uma
Vida”–, de como os clientes e o
mercado em geral não respeitam
tanto um publicitário quanto res-
peitam a um industrial, ou mesmo
aumbanqueiro.OConselhoMone-
tário Nacional não convida um
publicitário para fazer parte dele.
Nem pensa nisso, infelizmente. Os
publicitários têmde sentarno
board
das empresas, porque as áreas da
comunicação e do marketing são
fundamentais para a sobrevida ou
para a vida de uma corporação.
Se você considerar isso, acho que
eu prestei um serviço ao nosso
mercado. Ficamos mais conheci-
dos como uma profissão decente,
uma profissão de gente séria que
pode ter um empresário e não só
um publicitário criativo. Omaior
“CONSIGO
CONCILIAROS
HORÁRIOS,
ESTOUNOMEU
ESCRITÓRIO
TODOSANTODIA.”