Francisco
Gracioso
21
SETEMBRO
/
OUTUBRO
DE
2006 – R E V I S T A D A E S P M
INTRODUÇÃO
Os publicitários brasileiros que
estiveram no Festival de Cannes de
2005 já trouxeramcomelesum reca-
domuitoclaro: “Os anunciantes de
hoje estão mais preocupados com
clippings
do que com a audiência
dos comerciais”.
Mais recentemente, chegaram ao
meuconhecimentomaisdoisexem-
plos de que os anunciantes de hoje
fazem outras coisas além de anún-
cios. O diretor-presidente de uma
grandeagênciadepropagandacon-
fiou-me,hápoucosdias,queproibiu
os seus executivos de usarem a
expressão“campanhadepropagan-
da”, quando fazemapresentações a
clientes sobrenovas idéiaseestraté-
gias. Parece que os clientes, agora,
encaram a comunicação como um
exercício multidisciplinar do qual
a propaganda, naturalmente, é um
elemento importante, mas nem
sempre decisivo.
Também há pouco tempo, um dos
altosdirigentesdoGrupoAbril con-
tou-nos queum grande clientepro-
curouaquelaeditoracoma seguinte
proposta: “Queremos aumentar os
nossos investimentosnas revistasda
Abril,masnãoemanúncio.Queremos
conteúdo editorial”. Tudo isso con-
firma o que já dissemos acima: os
anunciantes mais sofisticados, que
ditam as tendências, olham hoje a
mídia tradicional (jornais, revistas,
rádio eTV) como veículo de reper-
cussão de atividades promocionais
desenvolvidas no imenso espectro
das novas arenas da comunicação,
desde o Peão de Boiadeiro de Bar-
retos atéaSãoPauloFashionWeek,
passando pelo Cirque du Soleil e
pelo patrocínio esportivo. De certa
forma, dão assim um testemunho
eloqüentedequeamídia tradicional
continuaa ser essencial paraacria-
ção de imagem, novos lançamentos
e novas modas e tendências. Mas
essa importância, agora, estaria
mais no conteúdo editorial do que
nasmensagenspublicitáriaspropria-
mente ditas.
F
OGrupoAbril contou-nos que um grande cliente procurou
a editora com a seguinte proposta: “Queremos aumentar
os nossos investimentos nas revistas daAbril,masnãoem
anúncio.Queremosconteúdoeditorial”.
F
RevistaSuper Interessante - Edição 217 set/2005
No festival deste ano,
os representantes das
maiores agências e
anunciantes domundo
reafirmaram esta tendên-
cia. Os anunciantesmais
sofisticados, cada vez
mais, enxergamamídia
tradicional como um veí-
culo editorial para fatos
que ocorrem fora damídia.