relações internacionais
Revista da ESPM
| julho/agostode 2012
88
Como posto avançado da China, a
Huawei serviria também para espionar o
tráfegoeletrônico internacional, ondeum
grupo de
hackers
, com apoio estatal, teria
condições de bisbilhotar segredos comer-
ciais em escala maciça. Mas o Ocidente
tambémnão é inocente nessa área, como
acontececomodesenvolvimentodovírus
Stuxnet, focado em possíveis ataques ao
desenvolvimento nuclear do Irã.
Apesar da tecnologia de ponta digital
acessível às classes A e B, dois terços do
Brasil ainda vive na era McLuhan, sem
acesso à internet rápida. Prevalece a hiper-
trofia da TV aberta, em que uma emissora
detelevisãogalvanizaaaudiênciaaouniras
diversas classes sociais sintonizadas no mesmo programa
deartescênicas.Anovelaconstituiomáximodeconcentra-
ção que Marshall McLuhan poderia imaginar, no conceito
formuladopor elenadécadade1960,méritodaRedeGlobo.
Na TV aberta, as verbas de publicidade são crescentes, ape-
sar da audiência descendente, formando o gráfico “boca de
jacaré”.Oporquêestánateoriadocriadorda“AldeiaGlobal”,
o filósofo e educador canadense, que nasceu em1911.
Em seu livro
The Gutenberg Galaxy
(
A Galáxia de Guten-
berg
, University of Toronto Press, 1962), o autor estuda as
característicasdecadameiodecomunicação, emtrês gran-
desperíodos: “culturaoral ouacústica, tipográficaouvisual
e eletrônica”. ParaMcLuhan, cadaumadelas corresponde à
forma de pensar omundo.
Na cultura oral o homem está próximo das pessoas e
das coisas, suscitando a criatividade de quem fala e de
quem ouve. A palavra escrita, sustentada pela imprensa,
torna possível a expansão da coletividade. Os meios de
comunicação eletrônicos, na velocidade da difusão, per-
mitem a partilha de experiências distantes e exóticas,
aproximando-as em larga escala.
Coma experiência possível da década de 1960, a terceira
formadecomunicaçãoconstituia“AldeiaGlobal”,comtodos
ligadosàprogramaçãoditadapelasgrandes
redes de TV, sem a possibilidade de uma
interaçãopara o espectador se expressar.
Se o grande teórico da comunicação
tivesse nas mãos os dispositivos de hoje,
que somam num só sistema as três mo-
dalidadesdecomunicaçãopreconizadas,
não teria dúvida em afirmar, encantado,
que, agora sim, o mundo é mesmo uma
Aldeia Global, onde a tão desejada in-
dividualização massificada aconteceu,
traduzida na somatória dos sites, blogs,
e redes sociais.
Um espelho de tudo que a humanidade
desenvolveu ao longo de séculos (para o
bem ou para o mal), está agora ao alcance
de todos, ao simples toque de uma tecla, em processo de
convergência de meios, em alta definição, que permite um
diálogo real, simultâneo, sem fronteiras geográficas, onde
todos são emissores e receptores.
Masoestágioatual nãodevepermanecer assimindefini-
damente, comaalgaraviade comentários e informaçõesde
hoje mandando para o espaço a ética das comunicações. É
necessária ahierarquizaçãodanotícia, coma credibilidade
da indispensável checagemdas fontes.
Aindadurantealgunsanos,oconceitooriginaldaAldeia
Global seguirá valendo no Brasil para amaioria da popula-
ção, onde a interação com o emissor continuará sendo a
licença para votar no BBB, pagando pelos impulsos.
Nessa altura, não se deve esquecer da palavra escrita,
de onde se origina a grandemaioria dos conceitos e pautas
quechegamàinternet,comprofissionaisaindapagospelas
receitas dos veículos em papel. Nesse quesito, as revistas
não têmsido tratadas coma atenção quemerecem, apesar
daqualidadedoprodutoeditorialedacapacidadedeadaptar
seus títulos para o meio digital, com grande proficiência.
Falta apenas que os anunciantes se convençam de que,
assimcomo no impresso, a revista digital tambémmerece
publicidade, a preços justos.
Reportagemsobre a chinesa
Huawei, maior fabricante
de equipamentos de
telecomunicaçao domundo
Sendoumaempresadegrandeporte, com140mil funcionários, lucroacimade
US$30bilhões,aHuaweipodeestarsendoajudadapelogovernochinêsaganhar
contratosinternacionais, comoaconteceunarevoluçãodoscelularesnaÁfrica,onde
aparelhoschinesesdebaixocustoservemmuitobemàpopulação.
