mesa-redonda
Revista da ESPM
| julho/agostode 2012
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Fábio
– Mas o mundo não vai ser segmentado, porque
mesmo nos Estados Unidos, que têm a questão das
cervejas artesanais, elas pertencem a um segmento
premium
, com um produto que consegue entregar um
valor seis vezes maior do que o da própria categoria e
não conseguiu sair desse universo. A mesma coisa no
Brasil: você vai a uma gôndola de um mercado super-
qualificado e há 80 marcas de cerveja. O volume dele
é 90% de marcas tradicionais. As pessoas precisam ter
uma sensação de pertencimento que só as marcas de
massa oferecem.
João
– Esse exemplo da cerveja é bom, principalmente
se pensarmos na tradição europeia. Parece existirem
dois mercados: um de massa, que é o das grandes cerve-
jas, e outro pulverizado. No início, falávamos sobre con-
sumidor. Será que o mercado está conhecendo profun-
damente o consumidor e suas histórias? Em que meio
e por qual plataforma? Nesse ponto, nunca a antropo-
logia, a sociologia e todas essas disciplinas do sujeito
social fizeram tanto sentido quanto estão fazendo hoje.
Pedro
– Há uma grande mudança, sim. Hoje, as pessoas
estão o dia inteiro conectadas em telas. A pessoa acorda
com o smartphone do lado e logo cedo entra no Facebook,
durante o café damanhã, para ver o que aconteceu enquan-
to ela dormia.
Fábio
–Nomínimo, ela passa a gerenciar a suamarca.
Pedro
– Isso acaba gerando ummundo mais transparente,
emque as historinhas não ficamde pé. Se observarmos hoje
asmarcas que ganhammais valor nomundo, são as que têm
umapreocupaçãogrande comtodooaspectoholísticoda ge-
ração de valor no relacionamento. Por exemplo, por que uma
marca comooGoogle se tornou tãopopular, semnecessaria-
mente ter uma iniciativa agressiva numprimeiromomento?
Há um ano, ele não fazia nada de propaganda. O Facebook
também é um fenômeno no Brasil. Essas empresas fazem
sucesso porque têm um compromisso com o seu freguês,
com a pessoa que está diante do seu produto. Então, tudo o
que se cria dentro daquele sistema tempor função principal
atender à pessoa que está do outro lado, porque ela está
criando valor para si no uso daquele produto, em um ciclo
positivodegeraçãodevalor.Quandosepensanumaempresa
moderna de grande valor, como a Apple, ela nem sempre
teve a história mais ilibada do mundo, do ponto de vista de
sustentabilidade – há uma série de histórias escabrosas –,
Debate comprova
que a indústria da
comunicação está
repensando seu
modelo de negócios