relações internacionais
RevistadaESPM
|setembro/outubrode2012
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indústrianacionalbrasileiraéresultantedeumasériede
açõespassadas,apartirdepolíticas ideológicasqueestão
conduzindoopaísparaumasituaçãopoucoconfortável,
se considerarmos comparativamente o crescimento de
outros países com amesma classificação econômica,
comoosBrics (Brasil,Rússia, Índia,China, incluindo-se
aÁfricadoSul),porexemplo.Não temosvantagenscom-
parativaseéequivocadaaafirmaçãodequeonossofraco
desempenho internacional deriva simplesmente dos
efeitosdacriseeuropeia,poisoutrospaíses têmprevisão
decrescimentomaiorqueonosso.Obaixodesempenho
derivadafaltadeestruturaetecnologiaocasionadapelos
altos custos internos de produção, comercialização e
logística, comumentechamadosdecustopaís. Segundo
o rankingdecompetitividadeglobal doWorldEconomic
Forum (WEF), até2011, oBrasil estavano53º lugarentre
ospaísesmaiscompetitivosdomundo.Nesteanoopaís
alcançoua48ªposição.
Segundo o relatório, umdos grandes entraves conti-
nuamsendoogovernoeasrespectivaspolíticasdecurto
prazo,queoneramopaísenãocontribuemparaodesen-
volvimento sustentado. Nesse caso, a responsabilidade
da competitividade brasileira não pode ser atribuída às
práticas do governo, mas à eficácia dos empresários. A
partir desse relatório, pode se tornar incompreensível a
ideiadequemelhoramosnorankingdecompetitividade,
masestamosperdendovendas internacionais.
Analisando a balança comercial dopaís, percebemos
que estamos diminuindo, gradativamente, nosso resul-
tado comercial referente às exportações e importações.
OBrasil em 2011 fechou comum superávit deUS$ 29,8
bilhões,anteUS$20,1bilhõesem2010,oquepodeparecer
um crescimento considerável. Entretanto, oqueocorreu
naverdadeéque47,8%deUS$256bilhões foramconsti-
tuídos por
commodities
, lideradas pelominério de ferro.
Não aumentamos em volume de venda,mas as
commo-
dities
tiveram grande valorizaçãonoperíodo. Em suma,
vendemosumvolumesimilar,masopreçoaumentouem
31,3%namédia. Emcontrapartida, as importaçõesestão
crescendoacadaano,resultandoemUS$226,2bilhõesem
2011,valor24,5%maiorqueodoanoanterior, tendocomo
composição: 45,1%debens intermediários;21,2%debens
decapital; 17,7%debensdeconsumo; e16%depetróleoe
combustíveis. Como complemento, fechamos 2011 com
19.194 empresas autorizadas a exportar, número que se
mantémestável hámaisdedez anos. Em contrapartida,
em2011, existiam43.327empresas importadorasemde-
trimentodas25.550companhiasde2002. Em2006, teve
início o período de crescimento desse tipo de empresa,
o que se configura como uma realidade, consolidada a
importação estratégica emdetrimento ao abandonodas
exportações.Comparativamente, temosumgrandevolu-
medemanufaturadosemdetrimentodograndenúmero
de exportaçãode básicos, que pouco contribuem, finan-
ceiramente,aopaís.
Segundo JakkiMohr, Sanjit Sengupta, StanleySlater
eRichardLucht, autoresde
Marketingparamercados de
alta tecnologia e de inovações
(Pearson, 2011), indústrias
de alta tecnologia podem ser definidas como aquelas
envolvidas no desenvolvimento de processos inovado-
res a partir da aplicação sistemática do conhecimento
técnicoe científico. Por outro lado, aOrganizaçãopara
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
complementa a necessidade da agregação de valor, e a
NationalScienceFoundation,a intensidadedapesquisa
edesenvolvimentonesseprocesso.
Voltandoaoranking,pode-senotarumaquedanaqua-
lidade das nossas exportações em relação à diminuição
gradualehistóricadebenscomaltatecnologia,esensível
Temosumgrandevolumede
manufaturadosemdetrimento
dograndenúmerodeexportação
debásicos,quepoucocontribuem,
financeiramente,aopaís
Exportaçãodos setores industriais
brasileiros, por intensidade tecnológica
setores
2009
2010
2011
Altatecnologia
8,6% 7,3% 6,2%
Média-altatecnologia
26,0% 28,3% 27,9%
Média-baixatecnologia
23,6% 22,9% 25,5%
Baixatecnologia
41,7% 41,5% 40,3%
Fonte:
adaptadoapartirdedadosdoMinistériodo
Desenvolvimento, IndústriaeComércioExterior (2012)