Revista da ESPM SET_OUT 2012 Planejamento Estratégico - page 93

setembro/outubrode2012|
RevistadaESPM
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incremento dos bens demédia-baixa tecnologia. Não é
possível realizar omesmo estudo com as importações,
emdecorrência da heterogeneidade de sua origem,mas
considerando a grande participação de bens industria-
lizados e procedência – Ásia (31,0%) e União Europeia
(20,5%), liderada pelaAlemanha (6,7%). Em suma, ficam
incoerentesos resultadosdo rankingdecompetitividade
secomparadosaosdecomércioexterior.Alémdisso,oque
vendemos refleteoníveldepesquisa,desenvolvimentoe
tecnologia denossos produtos e, consequentemente, do
parque industrialdoBrasil.
Crescimentopseudossustentável
O termo
sustentabilidade
remeteà ideiadecontinuidade,
masnão,necessariamente,paraosmelhores resultados.
O custopaís inibe apossibilidadedenovos empreende-
dores se tornarem empresários de fato, dificultando a
renovaçãoeinovaçãotecnológica.Deoutro lado,temosas
médiasegrandesempresastentando,sistematicamente,
descobrir outras formas de como fazer comque o custo
país não interfira na sua competitividade. Voltando ao
casodo governo, foi justificadoque o Japão, aCoreiado
SuleaAustráliatomema iniciativadequestionaramedi-
daanunciadapelogovernobrasileiroem2011queaumen-
taaalíquotado ImpostosobreProdutos Industrializados
(IPI) em 30 pontos percentuais, onerando de 37% a 55%
osveículoscommenosde65%deconstituiçãonacional.
Talmedida fere, diretamente, o preceito do tratamento
nacional,noqualnãodevehaverdiscriminaçãosobreos
importadosapartirdesuanacionalização.Parasustentar
tal tese,ospaíses têmcomoalicerceaanálisedecomitês
técnicosquepodeassociar-seàspráticasprotecionistas.
O grande problema que poderá surgir a partir dessa
situaçãoéapressãopolíticaecomercialsobreopaís.Pos-
teriormente,outrospaísespodem,emconjunto,solicitar
àOMCseuparecere, emcasodesfavorável, oBrasil será
passível de retaliações comerciais por parte dos países
reclamantes.AChina,nolimiardeintroduzirnomercado
global sua linhadeveículos,éconhecidaporsuapostura
e prática comercial, que provavelmente irá engrossar o
conjunto de países prejudicados. Do ponto de vista da
soberanianacional,sãolouváveismedidasprotecionistas
quevisam salvaguardar a indústria e empregosnopaís.
O grande problema é que talmedida já deveria ter sido
impostaháváriosanosede formacoerenteecontextua-
lizada.Enãoquandoexisteaiminênciadaentradadeveí-
culoschinesesnomercadobrasileiro.Édeconhecimento
públicoqueoBrasilnãotemindústriaautomobilísticana-
cional, sendo, pelamedida, beneficiadosospaísescomo
osEstadosUnidos eospaíseseuropeus,comoaFrançaea
Itália,quetêmmontadorase,estrategicamente,aindanão
sepronunciaramsobretalmedida.Alémdisso,nãopode-
mos culpar nossa incapacidade de atender aomercado
internoemvirtudedeuma
desindustrialização sustentada
erepassaroméritoparaoque importamos.
Mostrou-se,então,umrápidopanoramahistórico-con-
ceitualdasrelaçõescomerciaisesua inserçãonoâmbito
dasmudanças e transformações do sistema internacio-
nal. Taismudanças e transformações afetam tanto as
relaçõesmultilateraisquantobilateraisdoscomponentes
dosistemanacionale internacional,emqueasempresas
devemprocurarsuaperfeitaadaptação.
Todoopaísdeveidentificarascompetênciasexistentes
ou tentardesenvolvê-lasnosentidodemelhoratenderàs
demandas internas e externas. Para isso, é necessário
um planejamento adequado aos resultados necessários
diantedosrecursosdisponíveis.
Tudo issodependedeumapropostadegovernoquete-
nhaporobjetivoumcrescimentoeconômicosustentado
dentrodeumadinâmicademercado. E este éoproble-
ma.Vivemosdentrodeumconjuntodeaçõesqueadvém
de ideologias que atépodem ser importantes,mas, por
outro lado,poucocontribuemde formapragmática.
Esse discurso nada acrescenta ao crescimento eco-
nômico, que sustenta o social e deixa de lado a ideia
beggar-thy-neighbour
,ouseja,menos intervençãodoEsta-
do.Portanto, trabalhamos foradadinâmicadomercado
internacional, onde, por diferentes razões, nos torna-
mosmenospioresno rankingde competitividade,mas
não incrementamos as nossas vendas internacionais.
Dessa forma,necessitamosreverosnossosconceitosno
sentidodetentarumcrescimentosustentado.Citandoo
Japão,emrecentedesastrenuclear,algunsatécogitaram
queopaíspoderiadesaparecer devidoà catástrofe, po-
rémessepovotemumalicerceeconômico internacional
eumaculturaquecontinuariamaexistirmesmosema
estrutura física.
EdmirKuazaqui
Doutor e mestre em administração, pós-graduado
emmarketing, professor da ESPM, autor de livros,
consultor e presidente da Academia de Talentos
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