entrevista | Romero Rodrigues
Revista da ESPM
| janeiro/fevereirode 2013
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Buscapé Company já tem quase 20
empresas é o de atacar vários nichos
diferentes. Especificamente sobre o
Buscapé, oBondfaro e outros serviços
de busca do grupo, nossa missão nos
primeiros dez anos foi a de entregar
um bom preço, uma boa comparação.
A essência da empresa é dar poder ao
consumidor. Nos últimos cinco anos,
passamos a trabalhar para trazer
mais conveniência, reduzindo pontos
de contato. No celular, hoje, é possível
comprar boa parte dos produtos lista-
dos com um clique. Você cadastra o
seu cartão de crédito e pode comprar
diretamente, é uma verdadeira cartei-
ra eletrônica.
Arnaldo
—
Como essa diversificação
de negócios é pensada dentro do grupo?
Romero
— Tentamos acompanhar
o consumidor em todo o ciclo de
compra, que os americanos chamam
de Aida (
awarness, interest, decision,
action
), e ainda no
post-sale
e no
re-
sale
. Para cumprir todo o ciclo de
conhecimento, interesse, decisão,
ação, pós-venda e revenda, temos
diferentes empresas e marcas. Temos
agências de publicidade, ferramentas
de
targeting
e serviços para grupos de
interesse específico, como moda. Na
parte de decisão de compra, temos o
Buscapé e o SaveMe, para compras
coletivas. Criamos serviços de paga-
mento, vendas com grandes descon-
tos e, no final do processo, o e-bit,
que faz a avaliação das vendas nessas
lojas. Encerramos o ciclo com uma
unidade para a revenda de produtos.
Arnaldo
—
Como esse mix de negócios
se traduz em lucro?
Romero
— Não abrimos os nossos
números, mas um terço da receita
vem da comparação de preço, outro
terço, dos sistemas de pagamento, e
o restante é distribuído pelas demais
unidades.
Arnaldo
—
Que avaliação você faz do
comércio eletrônico nos últimos três
anos? Tivemos uma crise de grandes re-
des com reclamações e brigas judiciais.
Qual foi o impacto disso na indústria?
Romero
— Esses problemas acabam
mostrando um lado muito saudável
da indústria. Agora, temos um mer-
cado mais maduro e com escala. Em
1999, montamos nossa estratégia
estimando o mercado de internet
em 700 mil usuários. Hoje são 70
milhões. O número é gigantesco. Há
dez anos, nunca um mercado como
o de compras coletivas partiria do
zero para R$ 1,5 bilhão emapenas um
ano. Temos um consumidor disposto
a experimentar. É inspirador, como
empreendedor, ver isso. Curiosa-
mente, os dois problemas têm pontos
comuns. O primeiro é a logística, que
vem de um problema de infraestru-
tura muito maior e não se resume a
alguns
players
que enfrentaram difi-
culdades. Claro que, com um cresci-
mento de 35% ao ano do
e-commerce
, o
volume vai estressar o sistema. É ver-
dade também que tivemos problemas
específicos de algumas empresas que
não dimensionaram bem os centros
de distribuição, mas eu diria que é
um problema do mercado como um
todo. Eu ainda fico admirado quando
um produto comprado pela internet
chega em casa no mesmo dia, porque
eumesmo às vezes não chego (risos).
Arnaldo
—
Como você mencionou, ou-
tra decepção foi o mercado de compras
coletivas, que passou por uma explosão
e agora está patinando.
Romero
— Curiosamente, o proble-
ma das compras coletivas surgiu
porque havia pessoas prontas para o
e-commerce
, mas que tinham medo
da logística. Vale ressaltar que o con-
sumidor temmais medo de o produto
não chegar do que usar o cartão de
crédito. E de repente se criou umnovo
modelo no qual você não recebe a
mercadoria ou o serviço, mas vai até
o local. A infraestrutura é transferida
para o consumidor. A explosão não
tinha gargalo, não precisava de esto-
que, centro de distribuição ou contra-
tação de agente logístico. Na minha
Tentamos acompanhar
o consumidor emtodo
o cicloAida (
awarness,
interest, decision, action
)