janeiro/fevereirode2013|
RevistadaESPM
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empresa commais operações na Amé-
rica Latina, poderia nos forçar a uma
integração do financeiro e do RH para
economizar, por exemplo. E isso aca-
baria coma cultura da empresa.
Arnaldo
—
Vocês criaramumprograma
chamado “Sua ideia vale R$ 1 milhão” e
estão buscando
startups
. É uma estra-
tégia de diversificação de investimento?
Romero
— Quando penso nos va-
lores do Buscapé, no que queremos
passar para a sociedade, enfatiza-
mos esse lado empreendedor. O em-
preendedorismo gera mais riqueza,
emprego e inovação. Isso cria um
ciclo virtuoso. Educação e empre-
endedorismo estão muito ligados.
Quanto mais você puxa um, mais
acrescenta ao outro. É o melhor jeito
de fazer um país crescer. Em 2009, a
notícia de que o Buscapé valia US$
374 milhões despertou aquela faísca
no jovem universitário. Este é um
legado bacana que podemos deixar
no mercado.
Arnaldo
—
O que mais o grupo ganha
com isso?
Romero
— Nosso objetivo é buscar
inovação aberta. Há mais de mil de-
senvolvedores que criam novos apli-
cativos em cima dos nossos sistemas.
É uma forma de gerar inovação. Um
dos nossos valores é “movido por em-
preendedores”. Buscamos empreen-
dedores entre nossos colaboradores,
mas nem sempre encontramos. E um
jeito fácil de achar empreendedor é
indo atrás dele no mercado. Assim,
devolvemos algo à sociedade, além de
manter o espírito jovemda empresa.
Arnaldo
—
Atualmente, quais são as
boas
startups
para se investir?
Romero
— Tentamos trabalhar em
cima dos quatro “Ps”. Não os do Philip
Kotler, mas os nossos. O primeiro são
as pessoas, com elementos básicos:
capacidade de execução, onde estuda-
ram, o que fizerame os seus valores. O
caminho para o sucesso não tem ata-
lho nem elevador. É de escada, e não é
rolante. Toda vez que nos deparamos
com algum projeto que tem um foco
amplo para se chegar a um resultado,
não importa os meios, descartamos.
O segundo foco é produto, sempre
depois das pessoas. Já investimentos
empessoas nota 10 e projetos nota 3. O
terceiro é poder de programação, aqui-
lo que émais voltado à tecnologia. Se o
empreendedor tem uma grande ideia,
mas precisa contratar o programador,
não vai funcionar. Essa pessoa já pre-
cisa fazer parte do negócio. E o último
“P” é o mais importante: a paixão. Se
nãobrilhar oolho, não vai funcionar.
Arnaldo
—
Há muita ilusão entre os
jovens empreendedores de tecnologia?
Romero
— Há, sim, mas não recrimi-
no. Não acredito, porém, que exista
essemomentoeureca. OBuscapé éum
exercício de muitos anos. Segundo,
não acho que existe momento certo.
Vejo gente falando que vai ficar mais
dois anos onde trabalha e depois vai
empreender. Se a sua ideia é boa o su-
ficiente, o mundo não vai esperar por
você. Quando houve o negócio com
a Naspers, recebi alguns e-mails me
parabenizando, gente falandoque teve
a mesma ideia, que foi “quase”. Como
quase? Foram 15 anos nos matando
aqui, de domingo a domingo! Não tem
quase, nisso! No geral, o importante é
ter pele grossa. Você vai tomar tapa na
cara e temde seguir emfrente.
Arnaldo
—
Que papel, afinal, você acha
que o Buscapé cumpriu no comércio ele-
trônico brasileiro?
Romero
— Mudamos alguns paradig-
mas. Há 15 anos, não divulgar preço
era uma estratégia do varejo. Ajuda-
mos a colocar o “P” de preço no negó-
cio. Transferimos esse poder de com-
pra para o consumidor. Um momento
emblemático para o Buscapé foi logo
depois do lançamento, quando o dire-
tor deumadasquatrograndes redesde
varejo nos telefonou, ameaçando pro-
cessar a empresa semantivéssemos os
preços dele no ar. Resolvemos bancar
o plano e, por sorte, ele blefou e não
nos processou. A virada aconteceu em
2002, quando passamos a cobrar do
varejo pela inserção dos preços no site.
E aí tivemos de tomar uma decisão
estratégica: tirar as ofertas dessa rede
do ar. Assim que fizemos isso, no dia
seguinte esse mesmo diretor nos ligou
ameaçando nos processar se tirásse-
mos as ofertas dele do site. Foi quando
eu abri um sorriso e tive a certeza de
que onegóciodaria certo.
Ocaminhoparao
sucessonão tematalho
nemelevador.Édeescada,
enãoérolante