Revista ESPM - jan-fev - Santa Internet - page 74

Revista da ESPM
| janeiro/fevereirode 2013
74
entrevista | John Lima
depois praticamente desapareceram da
internet, não pode acontecer também
com o Facebook e o Twitter?
Lima
— Todas essas redes são ma-
nifestações da mídia digital. Se sai
uma, entra outra. Mas a mídia digital
não acaba porque já está incrustada
na consciência coletiva. Desde o iní-
cio, sabia que o Second Life não daria
certo porque ele procurava simular o
mundo real dentro do ambiente digi-
tal. A internet não é uma mídia de si-
mulação. É uma mídia instantânea,
rápida, assíncrona. É o meio ideal
para experiências como o Twitter,
que é rápido, simples e superficial.
Aquele que compreende a essência
da mídia digital consegue entender
os rumos das mudanças que essa
mídia está causando na vida das pes-
soas e no mundo dos negócios.
Gabi
Depois de estudar diversos
movimentos nas redes sociais e montar
a Coffee Bean Technology, qual sua
opinião a respeito do meio?
Lima
— O fenômeno das redes so-
ciais é uma manifestação moderna
da mídia digital e uma grande pla-
taforma de comunicação e colabo-
ração social. Essas redes sociais
resgataram uma característica do
ser humano, que é a colaboração, o
trabalho em conjunto. Hoje, o poder
está nas mãos de quem compartilha
informação. Criamos uma mídia
que agora está mudando o nosso
comportamento. Estudei bastan-
te o filósofo canadense Marshall
McLuhan, porque queria entender o
que estava acontecendo no mundo
atual e encontrei todas as respostas
em sua obra.
Gabi
Como McLuhan detalha no
livro
Os meios de comunicação como
extensões do homem
(Editora Cultrix,
1996), hoje o meio ainda é amensagem?
Lima
— Sim. McLuhan fala sobre o
fato de sentirmos a presença da tec-
nologia no dia a dia. E é justamente
essa condição que causa a mudança
de comportamento. Um bebê recém-
nascido muda completamente a
rotina de uma casa. Os pais dormem
menos, as despesas aumentam...
Usando esse fato como exemplo, o
bebê pode ser entendido como meio.
Enquanto a mudança na vida da
família é vista como a mensagem.
O mesmo acontece com essa nova
mídia social. Sentimos a velocidade
dela e o quanto o mundo está fican-
do mais superficial, generalista e
repleto de conteúdo de fácil acesso,
que é fornecido pelo próprio consu-
midor. Uma frase dita por uma me-
nina de três anos me fez entender
a nova realidade em que vivemos.
Com uma revista nas mãos, ela
disse: “Pai, isso é um iPad que não
funciona!”. Embora seja inocente
e simples, essa afirmação tem um
O Second Life fracassou ao tentar simular
ummundo real dentro de umambiente
totalmente digital. Seus idealizadores
esqueceramque a internet é umamídia
instantânea, rápida e assíncrona
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