HermanoRoberto
Thiry-Cherques
janeiro
/
fevereiro
de
2009 – R e v i s t a d a E S P M
107
1)
Amatériaéativa,comodemons-
tram fenômenosnaturaiscomooda
autocombustão e o da erupção de
vulcões; (Daniel; 2008; 56)
2)
Todo ente natural está dotado
de um movimento próprio, que
encontra obstáculos;
3)
O homem é um ser natural;
4)
A natureza individual, o tem-
peramento, é resultante de causas
físicas equímicas, edosobstáculos
que o movimento de cada um de
nós encontra;
5)
O ser humano é impulsionado
à ação pelo amor a si mesmo (isto
é o equivalente à força natural dos
outros seres da natureza);
6)
Esse impulsoécorrigido,modi-
ficado, distorcidopelos obstáculos
da razão e da vida social;
7)
Paraque tenhauma vidaplena,
é necessário ao ser humano elimi-
nar os obstáculos que não sejam
os da razão, os falsos obstáculos,
como os mitos supersticiosos da
crença em um deus;
8)
Não há fundamento na supo-
sição de que o mundo é inteli-
gente, que tenha sido produzido
ouque seja governadopor um ser
inteligente. Pensar que o mundo
tenha sido criado é, à luz da ciên-
cia, insensatez. A idéia de Deus
nasce da necessidade insatisfeita
e do medo.
Asconsequências
AsverdadesdaspremissasdoSr.Thiry
são discutíveis. Não a validade do
processo. Ele procede do princípio
da determinação causal dos aconte-
cimentos inteligível ao cálculo, que
temcomocernea impotênciaanteo
que as instituições, a educação e as
práticas sociais nos impigem. Desse
materialismoerigidocomoprincípio,
deduz, corretamente, oempirismo, o
utilitarismo,ohedonismo,o reformis-
mo político, o anticlericalismo e, é
claro, oateísmo (Paillard; sd. 22).
“Corretamente”quersignificarqueele
nãocometeerrosnoencadeamentode
raciocínios. Istoé,queobservaestrita-
menteastrêsregrasquecaracterizamo
sistemadedutivo:
1)
certasproposições
têmde ser tomadascomoverdadeiras
semdemonstração;
2)
todas as outras
proposiçõestêmdeserderivadasdesta;
3)
aderivação temquedeser feitasem
recorrer a conceitos que nãofigurem
nas proposições primitivas (Kneale;
1980; 5-6). O processo dedutivo tem
porobjetivoevitarqueas idéias se su-
cedamaosimplessabordaassociação.
Constitui correntes de noções coor-
denadas logicamente, obrigando a
formulaçãocompletado raciocínio,
até a proposição conclusiva (Fols-
cheid eWunenburger; 1997; 361).
O Sr.Thiryobedeceu semdesvios a
esses preceitos.
Os teístas e deístas sustentam que
existeumequívoconapremissadoSr.
Thiry.Podeser.Masasuadeduçãoeo
seupontodevista são tãoadequados
como o deles. O que não significa
que seja verdadeiro. A dedução tem
caráter formal, isto é, prescinde do
conteúdo das proposições. Refere-se
somente à sintaxe da inferência e à
suaconsequência lógica.Aconclusão
éválidaemqualquerâmbitododis-
curso emque valham as premissas.
Não existe diferença formal entre
as deduções ímpias e a dedução
mosaica. O argumento de Moisés,
de ummundo criado do nada pela
vontade onipotente e pela palavra
deDeus, é igualmente bom e pode
ser deduzido logicamente.
OSr.Thirypretendia fazerciência,não
provocar a ira dos seus contemporâ-
neos. A lógica é uma disciplina nor-
mativa, que distingue os argumentos
válidosdosnãoválidos.Umargumen-
toéumconjuntodeproposiçõesque
Adedução, a indução e
a abdução sãodiferentes
formas de argumentação
lógica. “Acredito emDeus”
ou“cruzei os dedos”
é uma constatação,
mas não um
argumento.
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