Janeiro_2009 - page 104

A impiedade dedutiva do
Sr. Thiry
R e v i s t a d a E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2009
104
quandopartedeproposições dadas
como verdadeiras, e dedutivo-hi-
potético ou disjuntivo se as propo-
sições iniciais são apenas supostas
a título provisório.
A dedução é perfeita se e quando as
premissascontêm tudooqueéneces-
sárioparasechegaraumaconclusão,
(comoem: seAé igual aBeBé igual
aC,entãoAé igualaC),ou imperfeita,
quando a premissamenor é incerta.
Neste último caso trata-se de uma
abdução.Aabduçãoéabuscadeuma
conclusãopela interpretação racional
desinais,de indícios,designos,como
no caso dos contos policiais. É uma
dedução probabilística. Foi descrita
por Aristóteles (1952; Top. VIII, 5,
159b 8) como o silogismo em que a
premissamaioréevidente, amenoré
provável eaconclusãoéverossímil.
Aristóteles identificou a dedução ao
silogismo,comoraciocínioqueproce-
dedouniversalaoparticular,opostoà
indução,quepartedefatosparticulares
para chegar aprincípios (1952; Prim.
Anal. I,24be II,68b).Masnãoéexato
definir a dedução como o raciocínio
quevai do “geral”oudouniversal ao
particular.Adeduçãopode ser forma-
dasódeuniversaisepodeconcluirda
falsidadedeumparticular à falsidade
de um universal. O fato de o pai de
Paul-Henry ter chegado a uma con-
clusão acertada não significa que ele
procedeuaumadedução.
O pai de Paul-Henry procedeu, no
máximo,aumaabdução.Paraquepu-
desse terdeduzidocomcertezaoque
seriamelhorparaofilho,ele teriaque
terpartidodeumaverdade jáconheci-
daparademonstrarqueelaseaplicava
àquele caso particular. O ponto de
partida de uma dedução é, ou uma
idéia verdadeira (uma definição), ou
uma teoriaverdadeira (um todo siste-
máticodedefiniçõesedemonstrações
baseadasemprincípiosverdadeirose
procedimentoscorretos).Partindode
uma teoria, a dedução permite que
cadanovo casoparticular encontra-
do seja conhecido por inclusão na
teoria geral (Chauí; 2006; 67). O Sr.
Dietrich tinha um anseio, uma supo-
sição, nãouma teoria.
Asdeduções ímpias
Paul-Henry, Dietrich, depois Thiry,
Barão d’Holbach, naturalizou-se
francês em 1749. Nessa época já
professava o fatalismo materialista
que seria sua marca. Rico e des-
prendido, reuniu ao redor demesa
farta e grátis, na suamansãoda rua
Royale-Saint-Roch, o cenáculo dos
enciclopedistas e de visitantes de
Paris, como Adam Smith, David
Hume, Lawrence Sterne, Edward
Gibbon emuitos outros.De forma-
ção científica, redigiu 366 artigos
para a
Encyclopédie
nos verbetes
referentes à química, à metalurgia
e à mineralogia. Traduziu textos
alemães e escreveu obras sobre
No cotidiano, utilizamos
o termo
deduzido
como se
fosse equivalente a analítico,
inequívoco, necessárioou
lógico. Dizemos que um
detetive como Sherlock
ou comoPoirot tem um
grande poder dedutivo.
s
Divulgação
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