Janeiro_2009 - page 26

Entrevista
R e v i s t a d a E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2009
26
JRWP – Dizem que as grandes
multinacionais costumam com-
prar empresas familiares na ter-
ceira geração, que é quando os
herdeiros estão brigando...
Civita – Porque você multiplica,
vai de um para dois ou três, meia
dúzia ou nove, depois para cin-
quentaeassimvai...Conheçouma
empresaque tem105primos acio-
nistas, e ametade, ou dois terços,
dos primos querem vender. Uma
pequena percentagem dos primos
quis comprar. Foram a um banco
levantar dinheiro para comprar a
partedosprimosquequeriamven-
der, ecomeçaram tudonovamente.
Ou seja, famílias nãoduram tanto;
se as empresas duram séculos, há
poucas empresas familiares que
duram séculos,mas existem. Essas
são fascinantes.
Gracioso – A Abril não é pa-
ternalista – pelomenos naminha
visão – naquele sentido original,
tradicional de paternalismo, mas
você só falou de gente, até ago-
ra. Como você encara o futuro
das pessoas, o que a Abril pode
ou não pode fazer para que elas
se sintam mais seguras, há uma
política neste sentido?
Civita – Sim. Nós criamos, há
muitos anos, a Abrilprev, que
é a nossa Previdência Privada,
muito antes de estar na moda
(fomos quase pioneiros nisso),
para garantir que as pessoas, ao
se aposentar, saíssem daqui com
o rendimentomais oumenos igual
ao que tinham antes de sair. Isso
é fundamental para as pessoas
terem tranquilidade. Também nos
preocupamos comoSeguroSaúde
deles.Queremos que aqueles que
dedicaram10, 20, 30anos de suas
vidas à construçãoda empresa es-
tejam bem, não são descartáveis.
Gracioso – Emoutras palavras,
vocês estimulam a permanência
aqui dentro.
Civita – Estimulamos e nos
preocupamos com o depois. Faz
partedo contrato. Se vocêdiz “eu
quero a sua lealdade, quero a sua
dedicação, quero o seu empenho
e a suamotivação”, isso vaimuito
além do que pagar um salário ao
final domês.
Gracioso – Você sabe que há
empresas igualmente de sucesso
que estão crescendo, que têm
uma filosofia diferente; há em-
presas mais pragmáticas, mais
agressivas principalmente no
trato com pessoas. E justificam
essa agressividade dizendo que,
acima de tudo, é precisomanter
um clima que estimule a inova-
ção e, você sabe, inovação vem
do conflito. Como anda a Abril
em termos de inovação, você
está contente?
Civita – Eu estou encantado.
Lançamos esta semana um jornal
diário sobre futebol, gratuito que
nasceu de uma reunião de
Placar
,
estimulamos aspessoas a sentarem
umavezpor anoepensar o futuro,
não pensar no próximo ano, mas
pensar no futuro – “o que você
quer ser daqui a cinco anos”,
“onde vamos estar daqui a dez”,
“o que deveríamos estar fazendo
hoje para pensar mais à frente”.
Isso não é no nível estratégico do
Grupo, mas é no nível de cada
núcleo. Todos fazem este mesmo
exercício.
Placar
teveumencontro
desses e comentaram: “Devería­
mos pensar num jornal diário,
gratuito sobre futebol para distri-
buir como sedistribuemos jornais
gratuitos”... Isso foi nos últimos
dias de setembro e lançaram esta
semana. Eu soube do projeto um
mês depois quando estava quase
pronto, me perguntaram se estava
tudo bem em se fazer uma expe-
riência com um jornal com estas
características eeuconcordei. Isso
é o tipo de coisa queme encanta.
A força da empresa, de qualquer
empresa éoque está vindo, oque
está borbulhando, o que vem das
pessoas que estão nas trincheiras
e não dos generais; os generais,
longedocalor dabatalha, nãovão
inventar nada de novo. Outro
}
Numa reunião, sempre fazemos
que omais jovem fale primeiro.
~
}
Eles dizem: ‘eu quero trabalhar naAbril’.
~
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