Roberto
Civita
janeiro
/
fevereiro
de
2009 – R e v i s t a d a E S P M
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dia recebi um bilhete – está em
cima da minha mesa – de uma
diretora dizendo que commuito
orgulho e muito prazer estava
me enviando alguma coisa nova;
olhei e achei um desastre mas
me contive e pensei “que bom
que eles estão inovando”. Você
tem de se segurar quando tem
vontade de perguntar quem foi
o louco que aprovou certa coisa,
tem de deixar. Se não deixar,
não borbulha.
JRWP – Sou um pequeno gestor
de pessoas – setorialmente – e
uma coisa que me angustia, às
vezes, é que eu percebo que
há pessoas que evoluem, que
mudam, melhoram e outras não.
Numa grande empresa você tem
alguma forma de aquilatar esse
tipo de coisa, e – neste caso – de
estimular ou mexer com isso?
Civita –Mexer não sei, mas aqui-
latar, certamente, você tem.
JRWP – Com treinamento, por
exemplo...
Civita – Não tem jeito. A nossa
visão disso é compartilhada,
não é a minha visão, é compar-
tilhada, desenvolvida ao longo
do tempo – você tem de avaliar
o desempenho das pessoas,
pelo menos uma vez por ano,
se possível duas; você tem de
ter metas claras para cada um;
tem de medir o desempenho
contra meta pelo menos uma
vez por ano, ou duas. E, se-
paradamente, fazemos – acho
que muita gente faz – avaliação
de potencial, que é separada.
Sempre, se possível, na maior
distância no tempo de três, seis
meses, para avaliar o potencial.
Quando você encontra pessoas
com alto potencial e alto de-
sempenho, esses são aqueles
em que vamos apostar para o
futuro: ter alto desempenho e
alto potencial. Alto desempe-
nho e baixo potencial, tem de
ficar onde está. Baixo desem-
penho e alto potencial, talvez
você consiga estimular, mas
focalizamos principalmente os
que estão naquele quadrante
de alto desempenho e alto po-
tencial, aí sim. E os de baixo
desempenho e baixo potencial,
tentamos nos livrar deles gentil
e elegantemente. Claro, tem de
fazer isso.
JRWP – Considerando seus 50
anos de atividade profissional,
você seria capaz de se lembrar
de alguns grandes líderes que
tenha conhecido ou admirado
à distancia, na história: seria
capaz de lembrar?
Civita – O primeiro que me
vem à lembrança foi Rodolfo
LimaMartensen; o primeiro que
impactou aminha vida foi o Ro-
dolfo; eu achei sua postura, sua
visão, amaneira de lidar com as
pessoas foi – naquele momento
daminha vida –muito importan-
te. Esse foi o primeiro. Deixe-me
pensar sobre o último...
JRWP–Presidentes, reis, generais,
professores que você tenha tido.
Civita – As pessoas que aguen-
tam as pressões mesmo que isso
os prejudique; quando você faz
algopelos seus princípios que tem
um custo, custo real e não um
custo teórico – não estou falando
em dinheiro só – tem um custo
de sofrimento, de revés, e você
defende os seus princípios. Esses
são os homens que eu admiro;
admiro os homens que resistem
a pressões e tentações.
JRWP – Lealdade, fidelidade.
Civita–Sobretudopalavra.Nunca
esqueci uma coisaquemeupaime
dizia: “Nunca assine um contrato
com alguém que precise de um
contrato. Se você precisar de um
contratoparaseprotegercontra,não
faça o contrato”. Issonão é interes-
sante? Bom é só fazer acordo com
genteemquemvocêconfia,quenão
precisedocontrato.Antigamente se
escrevia numa folha de papel, os
dois rubricavam e estava resolvido.
Hoje, tem 300 páginas, vinte advo-
gados, mas eu ainda prefiro uma
folha de papel rubricada. Aliás, de
verdademesmo, euprefiroumaper-
todemãodealguémqueeuconfie,
porque aí não precisa de contrato.
Aliás, nem precisa aperto de mão,
basta a palavra. Aliás, dependendo
de com quem você está lidando,
nem precisa da palavra...
}
Nunca assine um contrato com
alguém que precise de um contrato.
~
ES
PM
