Marli Appel
Revista daESPM –Maio/Junho de 2003
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destaque,principalmentepelasua
cosmética: moda, maquiagem,
adornos etc. Cosmética que
identifica o sujeito com alguns e,
aomesmo tempo, diferencia-ode
tantosoutros (MAFFESOLI, 2000).
A superexposiçãodo corpona
atualidade – o corpo que se
exercita, que canta, que se veste,
queaparecena televisão–diz de
sua existência e da existência do
coletivo. É ele que permite o
compartilhamento do prazer dos
sentidos,daexpressãodospensa-
mentos e sentimentos, enfim, da
vivênciados laçosemocionais.
Dessamaneira,éosignificado
da imagem do corpo para as
pessoas que as aproxima ou as
repele.Abelezadocorpo torna-se
um diferencial. Pois, na ética da
estética, “elabora-seummodode
ser (
ethos
) onde o que é experi-
mentado com outros será primor-
dial” (MAFFESOLI, 1996, p. 12).
Serãoospressupostosbasea-
dos na emocionalidade que
definirãoo
homoestheticus
?
Oconsumoe
abeleza
Para Bauman (1999), “nossa
sociedade é uma sociedade de
consumo” (BAUMAN,1999,p.87),
sendo atribuído a este uma
importância diferenciada em
relação a outras fases históricas,
poisassumiupapelsignificativona
vidadaspessoas. De certa forma,
éaescolhadoque consumir uma
dasoportunidadesde liberdadeno
espaço público, tendo em vista a
ocorrência da desinstitucionali-
zação que modificou o papel do
Estado, fazendocomqueos ideais
políticosnão façammaissentido.
Nestaépocahistórica,osentido
da existência passou a ter como
princípio orientador o prazer – o
hedonismo –, e o consumo torna-
se uma das formas de obtê-lo.
Entretanto,deacordocomCampbell
(2001),
o
consumidor
contemporâneo é um hedonista,
mas um
hedonista auto-ilusivo
, a
obtenção de prazer advém dos
processosimaginários,emespecial
das fantasias surgidas diante do
mundo formado pelas imagens,
fantasiasquetambémsãoimagens.
da forma do corpo (
corporeísmo
)
com sua cosmética, transforman-
do-o em signo que gera comuni-
cação entre as pessoas. As
mensagenspodemser traduzidas,
por exemplo, nos sentidos dos
estilos de roupas, nos índices de
gordura e massa muscular, nas
estéticasdosdentes,nos locaisde
freqüência, entre outros compo-
nentes.
“Avidaurbanaémesmoadas
aparências”, comenta Maffesoli
(1996). Éassimqueocorpoganha