Inovação, crescimento
e sustentabilidade
40
R E V I S T A D A E S PM –
M A I O
/
J U N H O
D E
2 0 0 6
Dentro desta perspectiva, uma em-
presa que produzmáquinas não po-
de se preocupar com os veículos ou
estradas que transportarão suas má-
quinas; isso é ou deveria ser
responsabilidade de alguém. Outra
queproduza calçados não vai sede-
dicar a encontrar soluções para os
sapatos que as pessoas deixam de
usar; issopassaaserresponsabilidade
de outro agente. As externalidades
são tratadas como questões para
outros resolverem, afinal a empresa
precisa estar focada naquilo que é a
sua competência central.
As últimas décadas, no entanto, vi-
ram a emergência de uma nova
visão sobre valor, não limitada a
investimentos, fábricas, equi-
pamentos e conhecimento. Haw-
ken defende que uma economia
requer quatro tipos de capital:
Y
capital humano
Y
capital financeiro
Y
capitalmanufaturado
Y
capitalnatural, constituídode
recursos, sistemasvivoseos
serviçosdoecossistema.
A visão convencional de criação de
valor foi acompanhada de um corpo
de teorias econômicas baseadas na
falácia de que o capital natural e o
capital humano têmpouco valor em
relaçãoaoproduto final. Estas teorias
baseiam-se na idéia de que a
economia é neutra para o meio-
ambiente e que os avanços da
tecnologia darão conta de
equacionar a escassez de matérias-
primas. Como premissa, a idéia de
que os sistemas vivos são gratuitos,
infinitos e em perpétua renovação.
Adegradaçãodos sistemas naturais e
as condições socioeconomicas da
população mundial, mostram, no
entanto, que a situação não é bem
essa. Dados sobre desmatamento na
Amazônia, desaparecimento de es-
pécies e poluição em níveis alar-
mantes sãoencontrados, diariamente,
tanto em publicações especializadas
como em jornais e revistas demassa.
Não há um estudo científico sério
sequer que negue a degradação
irreversível que os sistemas naturais
estão sofrendo em função da ati-
vidade econômica.
Uma latadeCoca-Cola, porexemplo,
desperdiça 88% do alumínio neces-
sário para sua produção, se com-
putadas asperdasdeprodução eas
latasnão recicladas.
A empresa reduziu pela metade o
consumo necessário de água para a
produçãodeum litrodo refrigerante
nos últimos dez anos.Mesmo assim
ainda sãonecessários2,34 l deágua
paraproduzirapenasum litrodeCo-
ca-Cola. Já mencionamos anterior-
mente que um chip de computador
precisade1,7kgde resíduos sólidos
para a sua produção.
)
