Maio_2010 - page 58

R E V I S T A D A E S P M –
maio
/
junho
de
2010
58
te doMaxWeber, que dizia que nessa
tal ética protestante “a empresa está
acima da família, a empresa é um ser
independente em si mesmo, que sobre-
vivea todosnóseaquema famíliadeve
servir enão servir-se dela”. Como você
comenta esta afirmação?
PEDRO
– É verdadeira. A família tem de
enxergar que, a partir de certo tamanho de
empresa,elanãopodecontinuaraser familiar,
elaprecisaseprofissionalizar.Agestãoprecisa
serprofissional.Admitirumcunhadoqueestá
desempregado ou um primo que ficou viúvo,
não funciona na empresa, funciona quando
se tem pouca gente, mas quando se tem uma
empresadoportedanossa issoéabsolutamente
impossível. Tenho um acordo com os meus
filhos de que a empresa familiar cessa com
eles.Apartir deles, a terceirageração, portan-
to, não serámais uma empresa familiar. Não
adianta chegar nora e netos que não poderão
seradmitidos.Conheçocasosquevãobem,mas
conheçocasos tambémque foramumdesastre.
Apartirdecertomomento, a tendênciadaalta
cúpuladagestão, dadireção, dapresidência, é
serprofissional. Issonãosignificaqueelesnão
possamseracionistas. Issosim,masnadireção,
nagestãodonegócioachoqueháum limite.O
tamanhodaempresa tem limite, sim.
GRACIOSO
–Que é a família.
PEDRO
– Na empresa familiar tem um
tamanho e isso vai variar de acordo com a
expectativa de cada família. A família pode
ser um grande obstáculo para o crescimento
de uma empresa de maneira saudável. Hoje
caminhamos aqui para uma coisa visível que
éaaberturade capital. Évisível agovernança,
a auditoria, a gestão, como as coisas são. So-
mos auditados pela PricewaterhouseCoopers
já há quatro anos, temos uma transparência
total na gestão, nessa governança, como isso
é feito, então caminhamos. Este ano iremos
crescer bem, temos três unidades novas não
por opção, mas sim por atraso, abrimos uma
recentemente,asegundaemBrasília,Fortaleza
edepois Salvador.Normalmentenão abrimos
três porque émuito difícil treinar gente, cada
unidade tem cerca de 110 funcionários, muita
gente para preparar. A distância não é mais
tanto problema, mas o esforço é grande. Vai
haver um crescimento interessante este ano,
masnãoqueremos abrir trêspor ano. Embre-
ve, provavelmente, será o momento de uma
abertura, há gente interessada, mas estamos
trabalhando isso sem nenhuma pressa, acho
queessaéumagrandevantagem.
GRACIOSO
– Parabéns, Pedro, o pensa-
mentode longoprazo éperfeito.
NAJJAR
– Sobre a concorrência na sua
área. Como é que vocês se comportam,
olhando a concorrência?
PEDRO
–Crescemosacimadocrescimentodo
mercado e a conclusão que posso tirar disso
é que o nosso
market share
cresce, onde ouso
dizer que estou comendo um pedaço do bolo
do vizinho. É tudoque sei: cresçona razãode
18%, 20%aoanoeomercadonãocrescenessa
proporção.Eucresçooorgânico,masdouuma
beliscadana fatiadovizinho, issoacontece.
NAJJAR
– Uma coisa que na empresa fa-
miliarévisíveléadisposiçãodereinvesti-
mentodoresultadononegócio.Issoexiste?
PEDRO
– Issoaquiéumapráticaeéatéengra-
çadooque voudizer agora,mas esta empresa
não tem uma única secretária. Eu atendo ao
telefone, peço minha passagem... Há regras,
normas, mas não tem secretária, aqui eu faço
café,ésópedir.Nãoqueremosperderessanos-
sa simplicidade e agilidade, queremosmanter
isso.Oquantovamosconseguirmanteréuma
incógnita porque as coisas ficam difíceis, vão
se complicando, ficammais complexas, mas
estamos conseguindo com bons resultados e
inovação.Mudar parapermanecer igual.
GRACIOSO
– Pedro, foi uma excelente
entrevista.Obrigado.
PEDRO
–Contem comigo, achoo trabalhoda
Escola fantástico!
ES
PM
ENTREVISTA
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