maio
/
junho
de
2010 – R E V I S T A D A E S P M
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Produtoseserviçosque
faziam parte de nosso
cotidiano hoje deixa-
ram de existir, devido
ao avanço tecnológico
que inviabilizoua conti-
nuidade da fabricação
e comercialização de
certos produtos comoo
popularFusca.
Por queShangri-La?
C
erta vez, entrevistado em um pro-
grama de televisão, veio a pergunta
direta e objetiva: como diferenciar
amoderna prática de gestão emmegaempresas
com o que podemos identificar nas pequenas e
médias?Acuriosidade foinatural,poisapósanos
como responsável pelaáreadeComunicaçãoem
uma dasmaiores corporaçõesmundiais, o hoje
consultorMarioDivo enfrenta, seguidamente, o
desafio de ajustar técnicas e conceitos vitoriosos
emescalabemmenor.Arespostaentãodadaaeste
artigo, tenhacertezao leitor,nãoseráenquadrada
nacategoriade“politicamentecorretos”,poisnesse
jogo“nem tudosãoflores”.
A questão carrega um viés: diferenças no porte
das empresas e em recursos disponíveis para
investimentos e operações não justificam a pos-
turaquemuitosgestoresadotamnocomandode
pequenasemédiasempresas,doravante,asPMEs.
Aliás, muitas delas nasceram e cresceram sob a
liderança de uma família e ficaram limitadas ao
conhecimentoquefoisendoagregadoaolongodo
tempo.Emresumo,quandoumaPMEnãosegue
adinâmicadavidaedomercado, aparecempro-
blemasqueexigematençãoecuidados imediatos.
Ouvice-versa.
A bem da verdade, problemas de gestão não
sãoprerrogativasapenasdasPMEs.Nomundo
empresarial encontramos vários exemplos de
desastres que culminaram com o fechar das
portas de tradicionais marcas. Para fugir de
uma longa listagem, vale lembrar que exis-
tiram companhias aéreas, indústrias, grupos
comerciaisefinanceiros, entre tantasáreasde
atividades,que foram líderesdemercadoehoje
apenas são saudosas lembranças dopassado.
Omesmo tipode comentáriovaleparaprodutos
e serviçosque faziampartedonosso cotidianoe
hoje deixaram de existir. Há, em certos casos, a
desculpadequeoavançotecnológicoinviabilizou
a continuidade de fabricação e comercialização.
Um exemplo está nasmáquinas fotográficas di-
gitais que substituíram aquelas defilmes 120ou
35mm.Outroexemploéeste:queméque,
commaisde50anos,nãoserecordacom
saudadesdovelhofusquinha?Maspara
enfrentar odiaadia, quemgostariade
terumdelesagora?
Quando uma pessoa decide desempe-
nharopapeldeempreendedoreassume
oriscodecriarumaPME,namaioriadas
vezesestáemumadestasduassituações:
temaexperiênciaprofissionalequerser
o “próprio patrão” (referência usual na
linguagempopular), ouentão temuma
ideia inovadoraequerdesenvolvê-laco-
mercialmente.Casosemqueocandidato
aempresáriocomeçaoempreendimento
com recursoseassociaçõesdeporte, for-
AMETÁFORA
DOSHANGRI-LA
Shangri-Lá é um local baseado no texto de ficção
deJamesHilton,emseu livro
LostHorizon
,de1933.
Éassociadoaumambientede felicidadeesaúde,
harmoniaentreaspessoas.E,muitoprovavelmente,
estábaseadono reinomíticodeShambala, citado
em textos védicos como centro irradiador debem-
aventurança, localizado em algum lugar da cordi-
lheiradoHimalaia.
Metaforicamente, Shangri-La é o lugar perfeito,
onde o ideal se perpetua e o tempo não sofre
mudanças. Lá, apenas as virtudes humanas
são exteriorizadas pelas pessoas. Problemas e
dificuldadesnãoexistem, bastaviverodiaadia.
Seráque,noprocessodeempreender,e lánomais
fundodesuaalma,opequenoemédioempresário
nãosonhaemcriaroseupróprioShangri-La?
Peter Stackpole