Marco_2005 - page 89

Mesa-
Redonda
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R E V I S T A D A E S PM –
M A R Ç O
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A B R I L
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e o que está por trás é inovação
tecnológica. Quando exportamos
soja, estamos exportando tecnologia.
Quando temos uma produção por
hectare maior do que a norte-ame-
ricana – são fatores naturais? Sem
dúvida, mas também tecnologia.
CARLOS
– Essa é outra vertente da
competitividade: produzimos mais
barato; mas a nossa logística e a
infra-estrutura jogam a favor do
inimigo.
FERNANDO
– Em setembro do
ano passado, o governador lançou
um novo modo de articular as
ações do governo – chama-se “São
Paulo Competitivo”. Baseia-se em
quatro pilares: o primeiro deles é a
inovação tecnológica. Depois, vem
a infra-estrutura–osprogramasque
passam pela capilaridade das es-
tradas rurais até os grandes cor-
redores de exportação. O terceiro
pilar é a formação de recursos hu-
manos – universidade, ensino téc-
nico, tecnológico. E o quarto, a
estrutura do Estado, diminuição de
burocracia, dos prazos para licença
ambiental, estímulo à formalidade,
combate à pirataria, sonegação.
JR
– Será que não devemos todos
nos envolver numa grande cobran-
ça do Estado brasileiro?
CARLOS
– O Brasil carece de um
projeto estratégicode governo, que
deve ser o grande indutor. Não sei
se o plano de metas do Juscelino
era um plano estratégico; talvez
fosse um plano tático porque era
de curtíssimo prazo – 5 anos.
FERNANDO
– Mas pôs o planeja-
mento na pauta.
CARLOS
– Exatamente. Mas, daí
emdiante, foi da-mão-para-a-boca,
sempre.
PAULO
–Qual adiferença, básica,
entre o planejamento de uma em-
presa eoplanejamentodo Estado?
Na empresa, o planejamento é
aprovado e imediatamente vira
uma lista de metas, objetivos e
responsabilidades com cobranças
fixas – que têm de dar resultado.
O planejamento do Estado não.
Por que o plano do Lucas Lopes
deucerto? Porque tinhaumgestor;
o Juscelino que ficava todo dia
cobrando: faltam32dias para ina-
ugurar Brasília, o cimento tem de
crescer, quando chega o Fusca
etc. Aí vamos discutir carga tribu-
tária/não tributária; toda essa
discussão é importante, conse-
qüente. Mas se não se conseguir
elaborar umplano... Seelenão for
feito pelo governo, ou pelo sena-
do, ou congresso; tem de ser feito
pela sociedade produtiva. Vamos
juntar um grupo com os setores
produtivos para tentar criar um
plano de metas, com a competiti-
“EXCESSODEGASTOSPÚBLICOS,DESPERDÍCIO,CORRUPÇÃO,
DESVIOSGERAMUMACARGATRIBUTÁRIACADAVEZMAIOR.”
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