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M A R Ç O
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A B R I L
D E
2 0 0 5 – R E V I S T A DA E SPM
se vangloriando de chegar a US$
100. Épouco.Depoucoadiantaram
esses cinco anos de sucesso. E
conversa-se sobre aplicar ICMS na
exportação,câmbiosupervalorizado
e a nova tendência ideológica do
Itamaraty que quer evitar acordos
com países desenvolvidos... Desse
jeito, não podemos esperar sucesso
dessa maratona rumo ao futuro.
Estou cético.
OCTÁVIO
– Acho que o Roberto
tem razão, porque tem uma expe-
riênciaquenenhumdenós tem, por
ser um exportador e líder na área
de comércio exterior. Mas também
tenho uma visão mais construtiva
do horizonte visível para o Brasil.
Vejo exportação como algo sério
para o país, um porto seguro para
as empresas e uma forma de esca-
par da volatilidade domercado do-
méstico. Hoje, quem destina 30 ou
40% do total da produção à expor-
tação está bem, porque consegue
evitar parte da pesada carga tribu-
tária do país, financia-se de forma
baratae, aomesmo tempo, temmer-
cados que são crescentes. Converso
com exportadores e eles dizem que
a perspectiva de crescimento no
mercado externo émaior doqueno
doméstico. Há um grande número
de empresas que vêem o mercado
externo de forma completamente
diferente do que viam no passado.
JR
– Isso não está em oposição ao
que disse oCarlos: de que não será
bom lá fora, se não for bom aqui
dentro?
OCTÁVIO
– Acho que ele estava
falando do lado institucional; nós
já somos a maior democracia da
América Latina, depois da chilena.
JR
–Háuns dez anos, a revista
The
Economist
dedicouum suplemento
ao Brasil, onde dizia, em bom in-
glês, que aqui havia quadros exe-
cutivos,naempresaprivada,deboa
qualidade, comparáveis aos me-
lhoresdomundo.Mas,quandoexa-
minavam a administração pública,
descobriam que lá é que estava o
problema.Gostariaquevocês falas-
sem sobre essa equação entre pú-
blico versus privado.
PAULO
– Sempre tendemos a ser
mais críticos conosco do que com
os outros. É mais ou menos como
quando você vai jantar na casa do
vizinho, vê a salade jantar, de visi-
tas,obanheiro, tudoarrumado,per-
fumado e com flores. Aí você co-
menta com suamulher: viuque le-
gal, a casa do fulano? Só que você
não viu amáquinade lavar vibran-
do, a parede trincada, a parte de-
sarrumada, porque foi tudo pre-
parado para receber a visita. Acho
que o J. Roberto diz algo impor-
tante, que temos um bom nível de
gestão, tãobomquanto, oumelhor.
Em 2003, entre as 100 maiores
empresas americanas, da
Fortune
,
35% tinham – entre os seus cinco
principais executivos – um brasi-
leiro ou um executivo treinado no
Brasil pormais de dois anos. Isso é
fato; não é especulação.
ROBERTO
– AAlcoa, que aparece
na
Fortune
comoumadasempresas
maisadmiradasdosEstadosUnidos;
o presidente, Belda, saiu daqui.
PAULO
– Outra coisa em que de-
vemos pensar é que temos de ser