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M A R Ç O
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A B R I L
D E
2 0 0 5 – R E V I S T A DA E SPM
vidade como conseqüência; não
vamos ficar só de estilingue.
OCTÁVIO
–Não sei. Talvez o Bra-
sil não precise de plano nenhum,
do ponto de vista formal. Mas pre-
cise, sim, de uma visão estratégica
de longo prazo. Quero fazer uma
pergunta a vocês: quem, dentro do
atual governo, está olhando os 10
anos à frente? É possível que exis-
tam essas pessoas, mas gostaria de
saber quem são. Precisamos de
alguém com o compromisso de
olhar para uma agenda microeco-
nômicacomprioridades –aumento
de eficiência, redução do custo
unitáriodo trabalho, popularização
do crédito, lei de falências. Uma
intertemporal, que sirva para esse
e para os próximos governos. Não
precisamos de um plano demetas,
quecorreo riscode ser umacamisa
de força. O Brasil precisa investir
para o amadurecimento institu-
cional, regulatório, criar previsibi-
lidade – todos os planos na parte
macro–melhorar apartegerencial.
JR
–Vamos fazerdecontaque temosa
lâmpada mágica. Que
coisas
devem
acontecer em nosso país – a curto e
médio prazo – para que se faça o
caminhopropostopeloPaulo?
FERNANDO
– Algumas coisas que
discutimos já existem. Gestão res-
ponsável por parte do Estado – a
sociedade já está conscienteda im-
portânciadisso. Estabilidadedemo-
crática das instituições; também
acreditoque já tenhamos adquirido
maturidade suficiente. Acho que o
ponto principal é o de investir em
formaçãode recursoshumanos–em
educação. Essa ainda é a grande
barreiraa ser superada.OBrasil tem
riquezas, virtudes e já mostra que
– quando se investe em formação
de pessoas – os resultados apare-
cem. Mas há muita gente ainda à
margem desse processo. Temos de
investir mais na qualidade e na
maior abrangência dos níveis supe-
riores de ensino. O tópico número
1 dessa visão de futuro é o in-
vestimento em educação.
JOSÉ FRANCISCO
– Não há mais
espaços no Brasil – e ainda bem –
paraesperar doEstadoumplanode
desenvolvimento. Cabe-nos lutar e
estabelecer uma agenda, que nun-
ca será perfeita, porque a socieda-
de sempre terá as suas divergên-
cias. Mas há de ser uma agenda
para a competitividade. Precisamos
de um Estado mais racional – não
precisamos de farmácia popular.
Nãoconsigoeducaçãoapenas com
uma solução irracional como: uni-
versidade federal, um gestor; uni-
versidade estadual, um gestor;
universidademunicipal, um gestor.
Alguns pontos da agenda, sim,
como o marco regulatório micro-
econômico, a reforma judiciária...
Mas será uma conquista paulatina
da sociedade. É ilusórioesperarmos
que um governante faça tudo.
ROBERTO
– Já que o J. Roberto
prometeu a varinha de condão,
vou-me permitir uma certa utopia.
É interessante essa discussão sobre
competitividade e vimos que, do
ponto de vista microeconômico –
no que é responsabilidade da em-
presa – estamos bem. Somos com-
petitivos na porta da fazenda e na