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M A R Ç O
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A B R I L
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2 0 0 5 – R E V I S T A DA E SPM
que os jornalistas não dão.
FERNANDO
– Temos reduzido as
alíquotas. Senãoénapontadocon-
sumidor, é ajustando a cadeia. São
Paulo sofre muito com esse fenô-
meno perverso, decorrente de dis-
torções no âmbito federal, que é a
guerra fiscal. Os estados praticam
um verdadeiro terrorismo, e São
Paulo sofre. Mexer na alíquota in-
ter-estadual – levando aos 12%mí-
nimospermitidopelas regrasnacio-
nais – dá competitividade para a
indústria paulista. O produto que
viria de fora entra competindo em
igualdade de condições.
PAULO
– Acho que estamos falan-
do a mesma coisa. Há vários
exemplos – o da indústria auto-
mobilística, quando diminuiu o IPI
e a produção de automóveis au-
mentou; e não estamos falando de
pequenos produtores, mas de
grandes indústrias com artigos
importantes.Masqueroproporuma
outra pergunta: como – baseados
no cenário de hoje – olhamos para
o mercado da frente? Se queremos
sair dos US$ 100 bilhões e passar
para US$ 150, o México também
quer sair dos 180 e ir para 250; a
China temagendaprópria; aEuropa
temoproblemada inclusãodo leste
europeu.Hámercadosque seunem
e a comunicação faz com que as
fronteiras desapareçam. O que
precisamos, para agregar à nossa
competitividade atual, é de fato-
res importantes, que aumentem a
nossa produtividade, nos diversos
níveis. Precisamos ter – não só a
competitividade de exportação de
queestamos falando–mas também
a competitividade no mercado in-
terno,competitividadenaeducação,
paranos prevenir da importaçãode
mão-de-obra. Emvezdeumdebate
sobreumdiagnóstico–noqualcreio
que todosconcordamos–podíamos
passar à discussão sobre o futuro...
JOSÉ FRANCISCO
– Falamos, no
início, sobre a participação de ex-
portações – é uma das formas de
inserção – mas existem outras. Por
exemplo, a exportação de capitais
brasileiros – como está fazendo a
Gerdau. Também podemos receber
mais empresas internacionais. Con-
cordocomoPaulo–encararacom-
petitividade nesse parâmetro. O
Japão exporta 9%doPIB. Nãodigo
que o Brasil deva fazer o mesmo,
mas o comércio internacional não
é o único setor que exige compe-
titividade.
OCTÁVIO
–Mas o comércio é que
está mais perto da fronteira tecno-
lógica. Quem exporta precisa ter
capacitação técnica.
JOSÉ FRANCISCO
– Das dezmaio-
res exportadoras do Brasil, seis são
empresas globais.
OCTÁVIO
– Por isso, acho que o
Brasilprecisa, também, importarca-
da vezmais. Só seremosmais com-
petitivos, se tivermosumaeconomia
maisabertaequenão seja refratária
aos acordos internacionais. Preci-
samos ganhar
market-share
nos
EstadosUnidos, na Europa.
CARLOS
– Sobre essa proposta do
que faremos daqui para frente,
queria sugerir a vocês o seguinte:
existem alguns exemplos, do pas-
sado, que podemos usar para o
salto ao futuro. Repito: sou quase
septuagenário,portanto testemunha
ocular de muito do que se passou
noBrasil.Vi oBrasil importando fei-
jão, açúcar, milho, arroz. Chegava
um navio da Tailândia, com feijão
– era notícia do jornal. Compare-
se a isso o estágio de potência a-
gropecuária a que chegamos. Por
trás desse salto, há um herói que
não está sendo reconhecido que é
a Embrapa. Lutando contra tudo e
contra todos a Embrapa adaptou –
com sucesso – as tecnologias de
clima temperadoparaoBrasil. Essa
discussão em tornode transgênicos
é esotérica. Omamão-papaia é um
transgênico, todos comem e não
acham ruim. Foi criação dos japo-
neses da Amazônia – imigrantes –
com a ajuda da Embrapa. Outro
centro que fezmilagres no país é o
CTA em São José dos Campos. A
Embraer existeporqueexisteoCTA.
Casocontrário,omáximoque tería-
mos aqui seria uma indústria de
montagemde aviõezinhos. Precisa-
mosdeoutroscentrosdeexcelência
como esses.
JOSÉ FRANCISCO
– O ITA, for-
mado no Brasil, com a importação
de técnicos.
FERNANDO
–Sãograndesexemplos
“QUANDOTINHA20ANOS,ESSESTEMASERAMPRIVATIVOS
DOSGENERAIS,ALMIRANTES,BRIGADEIROS.”