Marco_2005 - page 86

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M A R Ç O
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A B R I L
D E
2 0 0 5 – R E V I S T A DA E SPM
nou, por exemplo, uma coisa que
infernizava minha vida – como
dirigente de empresa – que era o
índice de nacionalização. Era em
peso – num celular, por exemplo,
o
chip
não valia nada; precisava
nacionalizar a caixa porque tinha
peso... Ainda ouço críticas – como
ouvi outro dia, de um professor
universitário: “Não sei qual éavan-
tagem dessa tal de Embraer porque
tudo é importado.Não tem conteú-
donacional”. E respondo: tem tudo.
Tem a inteligência toda, a criação
do avião, a descoberta do nicho –
o marketing – e a tecnologia que
resultou num avião mais leve e
mais econômico, que pode com-
petir.
Commodity
compra-se da
prateleira, mas inteligência não se
vende.
ROBERTO
– Há 20 anos, tive uma
experiênciamuito rica, no setor pú-
blico – na Camex – e aprendi, um
pouco, como funciona o Estado.
Acho que ele precisa, de fato, de
uma ação que nós, empresários,
chamamos de “reengenharia”. Tal-
vez até de um plano de metas, co-
mo referência. Mas fazer um plano
estratégico é difícil. Qual é a mis-
são?Quais sãoos valores, objetivos,
estrutura? É preciso reinventar o
Estado. Hoje, na Fiesp, o combate
é contra o gasto público. Não adi-
anta falar mal do juro, que subiu.
Temos de lidar com a causa do
problema, queéoexcessodegastos
públicos, desperdício, corrupção,
desvios – que geram uma carga tri-
butária cada vezmaior. E, de outro,
levam a dívida pública a um cres-
cimentocontínuo, tornandoos juros
do Brasil, absolutamente incom-
paráveis comos do restodomundo
ecriandooônusdocusto financeiro,
prejudicando nossa competiti-
vidade. Se fizermos progresso nessa
área, esse sim será ummarco his-
tórico. Já temos a Lei de Respon-
sabilidade Fiscal, que o FHC consi-
dera como o grande momento do
governo dele. Ele chegou a dizer:
“Esse é o melhor dia do meu go-
verno”. Trata-se da primeira limi-
tação para que se gaste apenas o
que se arrecada...
JR
– Não existe alguma coisa in-
trinsecamente perversa na admi-
nistração pública devido ao fato de
que ameritocracia é inerente à em-
presa privada, para sua sobrevivên-
cia, enquantoqueapúblicadepen-
de de eleições?
ROBERTO
– Perguntaram-me, cer-
ta vez, qual a diferença entre ser
um líder no setor privadoeno setor
público. Comecei a pensar e per-
cebi a grande diferença: na empre-
sa privada, há subordinados a ava-
liar –uns, vocêpromove; outrosde-
mite.No setor privado, você se sen-
te permanente e, os seus subordi-
nados, temporários.No setor públi-
co, é o contrário: eles são perma-
nentes e você temporário. Eles é
que te avaliam.
“OMOTORISTADOTÁXIPERGUNTOU:“OSR.ACHA
QUEESSATALDEMP232SERÁAPROVADA?”
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