Marco_2005 - page 85

Mesa-
Redonda
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R E V I S T A D A E S PM –
M A R Ç O
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A B R I L
D E
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competitivos interna e externa-
mente. Se preciso de uma nova
fábrica, posso pô-la em qualquer
lugar do mundo. O que se precisa
é de qualidade de gestão, de infra-
estrutura, mas, principalmente, de
estabilidade institucional – e isso
se fundamenta na segurança pú-
blica.Nãodáparadecidir quehoje
tem ICMS e amanhã não tem; o IPI
é tanto; amanhã será de quanto?
Hoje valepara exportaçãomas não
vale para importação; amanhã vale
mas – quem sabe – segunda-feira
muda. Todo dia alguém, em algum
lugar do mundo, está-se pergun-
tando ondemontar sua próxima fá-
brica, ou um centro de tecnologia.
Na área de serviços, o Call Center
da Microsoft é na Índia e liga-se
nosEstadosUnidosparaumnúmero
0800. Por que não está aqui, no
TriânguloMineiro? E estou falando
de uma área que não precisa de
investimento de capital intensivo.
FERNANDO
– Nessa linha, o pa-
pel do Estado tambémmudou: ele
tem muito menos condições de
investir e liderar processos inter-
ventivos na economia do que tinha
há 20 ou 30 anos. Inverteu-se a
participação da formação do ca-
pital fixo entre público e privado.
Há 30 anos, 2/3 da economia esta-
va nas mãos do setor público; hoje
mais de 80% está nas do privado.
O Estado moderno tem de ter boa
gestão e garantir o ambiente de
competitividade. O governo do Es-
tado tem trabalhado muito nesse
sentido: SãoPaulocompetitivopara
um Brasil competitivo. Mas gos-
taria de voltar a um ponto que já
foi levantado: a educação – ela é
fundamental.Oempreendedorismo
inato dos brasileiros reflete-se nos
que tiveram treinamento adequado
e chegaram àdireçãodas empresas
privadas – na verdade, permeia
toda a sociedade. Para lembrar um
outro segmento, que está na pauta
do governo do Estado, é o ensino
profissional.O Estadode SãoPaulo
já tem 1.1 milhão de alunos nas
universidades. Ainda é um número
pequeno. Mas é gritante a situação
dos alunos em cursos de tecnologia
de nível superior, mas com forma-
ção específica para produção: são
20mil dos quais 15 do Estado, que
desempenha, razoavelmente, o seu
papel. Se somarmos os cursos de
nível técnico, chegamos a 150mil.
150 mil versos 1.1 milhão... Essa
disparidade tem de acabar.
CARLOS
–Opapel do Estadobrasi-
leiro, para o aumento da com-
petitividade internacional, é algo
que está precisando ser melhor
discutido. Por exemplo, para quem,
como eu, trabalha há 25 anos com
qualidade de gestão, fiquei escan-
dalizado quando o “Fome zero” foi
lançado.Disse: éaviolaçãoda regra
número 1 da qualidade – propor a
solução sem saber qual é o pro-
blema que se vai resolver. Esse pro-
grama é um exemplo típico de
antiqualidade. Resultado: está onde
está e discute-se se o problema é a
desnutrição ou a obesidade. En-
tramos pelo terreno, agora, da “ópe-
rabufa”. Para fazer justiça, achoque
o Estado fez progressos, moder-
nizou-se, tem ilhas de excelência.
Mas acho importante se pudesse
haver um esforço nacional para
ajudar o governo a preparar o seu
plano estratégico. Ele pode ser
influente, decisivo, numa série de
coisas, mas fica se perdendo em
iniciativas que nada têm a ver com
competitividade. Tenho tido expe-
riências frustrantes, conversando
com pessoas da área governa-
mental, que parecem estar sempre
à procura da solução mágica,
milagrosa. Usando a metáfora da
maratona, doRoberto: algoquenos
pegasse nesse estágio da maratona
– no último quartil – e de repente
nos jogasse lá na frente, em dois
anos. Isso não existe. Mas, se
esticarmos a maratona – não para
20, mas para 50 anos – aí tenho
números a dar de uma fonte
importante, que sempre consulto:
o plano de metas do governo
Kubitschek. O Brasil, em 1954, era
o 53º PIB do mundo e a quarta
economiadaAméricaLatina.Opri-
meiro era aArgentina, o segundo o
México, terceiroVenezuela. Tínha-
mos 59% de analfabetos. Olhando
a maratona nessa perspectiva – de
60 anos – o Brasil estava no último
décimo; está agora no sexto ou no
sétimo décimo. Houve um grande
avanço. E acelerou-se, nomomen-
to emque oBrasil começou a fazer
coisas corajosas como a abertura
de fronteiras, câmbio flutuante,
quando abandonou a substituição
de importações. Quando abando-
“SEPARTICIPÁSSEMOSDEUMACORRIDADE100
METROS,NOSSACOMPETITIVIDADESERIASATISFATÓRIA.”
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