Marco_2005 - page 94

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M A R Ç O
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A B R I L
D E
2 0 0 5 – R E V I S T A DA E SPM
baixaqualidade epreçobaixo. Eles
deram a volta por cima. AChina é
a mesma coisa – eles já estão bem
evoluídos. Esse lado brasileiro tem
de ser objetodesseesforço; nãopo-
demos esperar que o país se torne
competitivoenquantopedimosdes-
culpas por sermos melhores.
JR
–Olhar para frente eparao alto.
OCTÁVIO
–Temos de enfrentar os
nossos problemas. Isso me lembra
uma metáfora, que um amigo fez,
do nosso esforço de atrair o inves-
tidor para o Brasil, falar do nosso
país, que é bom investir aqui etc. E
aí diz: “Não faz sentido dizermos
para o investidor investir aqui, que
é seguro–e irbuscá-lonoaeroporto
com um carro blindado”. Ou seja,
temos de reconhecer os nossos pro-
blemas para poder enfrentá-los.
CARLOS
– Mas os investimentos
chegam à China – e eles têm pro-
blemas mil vezes maiores do que
os nossos, inclusive a instabilidade,
porque basta que o ancião da vez
morra, quem vai para o lugar dele
podemudar toda a regra do jogo. E
isso não impediu os investimentos
naChina.
ROBERTO
–Umacoisaque sempre
me chamou a atenção, nessa
questão de investimento no Brasil,
é que o estrangeiro – ao discutir os
problemas do Brasil – gosta da
nossa sinceridade.Temosde ser sin-
ceros, não esconder que temos
problemas, para que acreditem em
nós e nos respeitem. “Tudo bem,
vocês têm defeitos, mas também
têm virtudes – economia dinâmica,
criativa, emergente.” Então, ele
acaba vindo aqui e investindo. Se
tentarmos iludi-lo, ele passará a
desconfiar da nossa informação.
CARLOS
–Mas nãopodemos dizer,
quandoeles vêm investir aqui: “Vo-
cê é louco. Não faça isso”. Há um
jornalista belga – quemora noBra-
sil há 20 anos – que escreveu um
artigomuito interessante, no
Jornal
doBrasil
. Eledissenãoentenderpor
que, quando chegou ao Brasil, as
pessoas perguntavam: “Você é
belga? Como veio parar no Brasil?”
E ele respondia: “Vim de avião”.
Mas ele não entendia que a per-
gunta era: “como um belga sai da
Bélgica e vemparar neste inferno?”
PAULO
–Não adianta fugir da rea-
lidademas também,nãoadiantaas-
sumirmos o conceito da autofla-
gelação. Temos problemas estrutu-
rais, institucionais mas temos uma
infinidade de qualidades. E a nossa
competitividade está num só eixo
que é comparando nossas quali-
dades e defeitos com as qualidades
e defeitos daqueles com quem
estamoscompetindo.Àmedidaque
conseguirmos diminuir essa des-
vantagem, seremos mais competi-
tivos; à medida que conseguirmos
aumentar nossas qualidades,
também. Não podemos esquecer
tudo o que já andamos. Se ga-
nhamos nos 100 metros, vamos
mudar os parâmetros. Vamos falar
que é maratona – pegamos o eixo
dos quilômetros 22, 25 para dizer
que estamos atrás; ou inventamos
a regra: vamos disputar outra com-
petição; vamos entrar na corridade
bicicleta, láatrás porqueaí estamos
de novo na frente. Joga-se o que se
quer. Se tomarmos, por ponto de
partida, fazer ummapa honesto de
nossas qualidades e defeitos – e
colocarmos isso em termos compa-
rativos, focandonasmelhorias pos-
síveis – teremos uma chance.
JR
– Infelizmente, tenho que en-
cerrar e fico satisfeito com as res-
postas de vocês à proposta da va-
rinha de condão – ou da lâmpada
mágica – são formas do “faz de
conta”, invenção criativa de um
grande brasileiro – Monteiro Lo-
bato.Achoqueouvimos issodevo-
cês: há diversas formas pelas quais
poderemos transformar esse “fazde
conta” em realidade.
“OJUSCELINOFICAVATODODIACOBRANDO:FALTAM
32DIASPARA INAUGURARBRASÍLIA!”
“OBRASILTEVECORAGEMDEEXPOR
SUAMOEDAPARACOMPETIRCOMOUTRAS.”
ES
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