J o s é G r e g o r i
março
/
abril
de
2010 – R E V I S T A D A E S P M
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GRACIOSO
– Enão é verdade. OCONAR,
queéoórgãoque controlaaéticanapro-
paganda, abriuumprocesso agora contra
umacervejadaSchincariol; foiumproces-
so iniciado por um cidadão que se sentiu
ofendidopeloconteúdoclaramentesexual
dessa tal campanhaeem funçãodessa re-
clamação oCONARproibiu a veiculação.
O que mostra que desqualificação nem
semprecorrespondeaodesejodamaioria.
JOSÉGREGORI
– Euusei oCONARuma vez
quando era José Gregori e, quando Secretário,
umasduasvezesporproblemasquetinhamem-
butidocertoapeloàviolência,faleicomoCONAR
e tiveamelhor impressão.
DESIMONI
–Em72horas tiraramdoar.
JOSÉGREGORI
–Houveum julgamentoentre
os interessados, discutido por eles e os con-
sensos foramdelesenãodeumórgãopúblico.
Esse éo caminho.
DE SIMONI
– Só para efeito de citação, o
CódigodeÉticadaPublicidadeéde1978,e
oCONARde1980.De lápara cá já foram
setemil julgamentose temmuitagenteda
sociedadecivilparticipandocomo“cidadão,
doCONAR”;parece-meboaessasuaideiade
reunirosdonosdoscanaisdetelevisãopara
instituirumcódigodeéticanessecampo.
JOSÉGREGORI
–Aquestãocontinuaaberta.
EucoroariaaminhapassagempeloMinistério
da Justiçasehouvesseconseguidoessecódigo
de ética.
DESIMONI
–Essaéagrandepergunta,José
Gregori: o senhor nunca foi a negação de
simesmonoque diz respeito aos direitos
humanos, liberdade de expressão, dando
campo a todo mundo. Mas nesse campo
nãohá alguns abusos, quefica difícil, até
paraumórgãogovernamental,coordenar?
JOSÉGREGORI
–Aí, opesodoGoverno.Hoje,
você só pode utilizar aquilo que a Constituição
Federal permite, que é a classificação indicativa:
por idade,dizerqualéahoramaisadequadapara
umprogramade televisão.Enósfizemos issono
meu tempodeMinistério. Claroque não é fácil
estabeleceresseconsenso,principalmente,quan-
dodooutro ladoexisteacrençadequequalquer
concessão que você faça àmoralidade, terá um
custonegativono Ibope.É precisodesfazeressa
crença. Qualidade, quando bem apresentada,
com inteligência e criatividade, traz benefícios.
Nãoestáescritoquesóo ruim,dopontodevista
ético, de costumes e do ponto de vista cultural,
trazbenefícios.Temdehaverumconsensoporque
foi comoficou contratado comaConstituiçãode
1988, que émuito clara em condenar a censura,
estabelecero regimeda liberdadede imprensa.
GRACIOSO
– Aminha última pergunta é
a seguinte: para um observador descom-
promissado como eu, a lutapelos direitos
humanos,ao longode tantosanosenãosó
noBrasil, mas nomundo inteiro, aparece
comoum trabalho interminável, semfim.
Também não há garantias, de que haverá
progressos sensíveis no futuro, porque
surgem a todo o momento áreas novas
de desrespeito e opressão. Em vez desse
trabalhopontual, isolando itempor iteme
procurando,pormeiodepressõesjurídicas
e tantas outras medidas, conscientizar o
povo,opúblicoeogovernoqueaquiloestá
errado, não seria o caso de uma estrutura
global, conceitual que procure as raízes
}
Foi por causa dos direitos humanos que a
África do Sul deixou de ser um país racista e
passou a ser uma democracia.
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