Omal-estar naorganização
R E V I S T A D A E S P M –
março
/
abril
de
2010
72
clássico triângulode
missão
,
visão
e
valores
–se
expressanocotidianodessaempresaeemsuas
relações comomercado...masnãoexatamen-
te da maneira como foi idealizada. O DNA
corporativo, cuja finalidade é definir omodo
como essa empresa se apresenta ao mundo,
começaadarsinaisde inconsistênciae revelar
imperfeições. Emoutros termos, a culturaor-
ganizacional começa a ser involuntariamente
lapidada, emconformidadecomoarranjo real
dascoisas, aquiloquede fatoexisteeacontece
apartirdomomentoemqueoprojetoéposto
emexecuçãoporpessoasdecorpoealma, com
todas as vicissitudes inerentes ao conjunto
humanoorganizado emgrupo.
Certo dia um pequeno incidente abala a sa-
grada rotina da recém-inaugurada empresa.
Devido a uma falha de comunicação, um dos
gestoresdeixoude comparecer auma reunião
daequipede líderes. Para seu chefe, essa falta
inadmissível – apesar de todos os elementos
concretos que a justificavam – foi suficiente
paraqueo líderemquestãose tornasseobode
expiatóriodas ansiedades que, naturalmente,
aplacamosdirigentesdeumempreendimento.
Desdeentão, insidiosamenteede formaprati-
camente imperceptível, instala-senoambiente
uma espécie demal-estar generalizado. Uma
sensação incômoda, indescritível, inominável,
indiscernível, embora inegável. A rotina per-
sisteem seu leitodeprevisibilidadeemantém
curtas as rédeasoperacionais.Mas aquiloque
silencianos corredores e salasde reuniãonão
deixadeproduzir ruídos incômodos.
Osmembrosdessaempresaestão imersosem
umaatmosferadegrandesexpectativasealtas
ansiedades,queosestimulamadesempenhar
seuspapéisprofissionaisnabuscapor resulta-
dos, tanto quanto os deixa preocupados com
a possibilidade do fracasso. O sentimento de
impotênciaesuaconsequênciaóbvia,a inércia,
pairam sobre o ambiente como uma nuvem
escuraque sinaliza tempestade iminente.
Evidentemente, essa situação é comum a to-
das as profissões e organizações de trabalho
e representa o risco fundamental que precisa
ser assumido e abordado para se colocar em
práticaumnovoprojetoou empreendimento.
A impossibilidadede reconheceraspectossig-
nificativosdaculturaemergentenessaorgani-
zaçãoecolocá-losempautaparaextrair,dessa
experiência, algum sentido verdadeiro, torna
cadavezmaisdifícil reverconceitos, identificar
pontos cegos e planejar ações corretivas que
possibilitem reverter a situação antes que as
coisas piorem.
A cultura, nesse contexto, é
comoumamarcaquedefine
umgruposociale lheconfere
singularidade em relação a
outros grupos. Cultura, por-
tanto, tem algo a ver com a
formação emanutenção da
identidadehumanacoletiva.
DavidDe Lossy
