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Revista daESPM – Setembro/Outubro de 2002
Temosquedeixar issomui-
to claro. Primeiro para os
nossos amigos, para que
nosajudemnoprocessode
disseminaçãoeque, deal-
gummodo, a gente possa
confrontarosnossos inimi-
gos bem intencionados,
porqueháosbemeosmal
intencionados. Há os que
se aproveitam do tema e
aqueles que acreditam em
outra coisa e que poderão
mudar de opinião. E, num
segundo momento, comu-
nicar issodemaneiramais
ampla. A primeira etapa é
nos conscientizarmos e
conscien-tizarmos esses
mais próximos a nós.
Piratininga –
Eu continuo sentindo
queestamosnumadiscussãoabso-
lutamente anacrônica – parece que
voltei aos anos 50.
Rafael –
Omundo dá voltas...
Piratininga –
Deve ser isso. Mas,
falar em livre empresa, nessa altura
do campeonato, quando estamos
tentando falar da responsabilidade
social de empresa, parece-me um
anacronismo absurdo. Será que ain-
da vamos ter que insistir nessa tese
da livreempresa,noBrasil?Empresa
é ponto pacífico. Tambémme choca
essa história de “nossos amigos” e
“nossos inimigos”.Sinto-menumareu-
niãodamáfia.Comose fôssemosum
grupodemafiososquediz:“Osnossos
amigos,domCorleone,osnossos ini-
migos e os nossos inimigos não
intencionais.”Oproblemaéabsoluta-
mente objetivo. Quem está contra
esseprocessode liberdadedeexpres-
são está dentro de um processo
ideológicoenum combate. Eesque-
cemos tambémdeumacoisaquefoge
da ideologia, mas queme parece im-
portante, queéaposiçãodo intelectu-
al,deprofundodesprezo–sejaelever-
dadeiroouconveniente–pelaquestão
da propaganda. Como também têm
desprezo pelas novelas de televisão.
Paraeles,propagandanãoécoisapara
ser discutida – não é relevante. Acho
que a responsabilidade social da em-
presaéo temacentraldesseprocesso
queestamosdiscutindohoje. Livre ini-
ciativa, livreempresa, isso jápassou.É
“Eovento levou”.
JR –
Piratininga, com todo respeito,
no Brasil – e você é educador – te-
mosumsistemadeensinoprimárioe
médio que, emmomento algum, ex-
plica ao jovem brasileiro
como funciona o nosso sis-
temaeconômico.Atéconcor-
docomvocê,quesãodiscus-
sõesantigas,mas,apesarde
tudo, acho que temos ainda
algumas tarefas educativas
nessepaís.
Piratininga–
Seráqueain-
da precisa explicar para o
aluno primário como é que
funciona o processo econô-
mico?
JR –
Euacho. Por que, nas
pesquisasdeopinião,osem-
presários são considerados
tão ruinsquantoospolíticos?
Vocêsabequemsãoosem-
presários no Brasil? São 30 milhões
de pessoas da economia informal. O
Brasil –depoisdosEstadosUnidos–
é o país que tem omaior número de
empresasem todoomundo.Obrasi-
leiroéumpovoempreendedor.
Piratininga –
Você está querendo
me convencer de quê?
JR –
Que o empresário tem uma
péssima imagem.
Piratininga –
Estou absolutamente
convencido disso.
JR–
Masonosso
target
nãoévocê.
Piratininga –
Mas temos que falar
sobre responsabilidade social.
Armando –
Não vamos esquecer a
motivaçãodonossodebatequesão
os resultados dessa pesquisa e a
imagem da propaganda. Acho que
háduasoportunidades,muitoclaras,
quepodemos aproveitar, nessemo-
mento,e todas têmavercomaques-
tãoda responsabilidadesocial.Apri-
meiraéumdetalhedeque talvezos
nossos leitores não se lembrem. Há
poucos meses, o governo federal
“Acabadeser
criadauma
terceiracategoria
chamada
publicidadede
utilidadepública.”