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Revista daESPM – Setembro/Outubro de 2002
A,e transformá-lanapessoaB.Essa
percepção do grande público pode
ter levado a essa incrível mudança,
na imagemdessemarqueteiro–essa
capacidade mágica que ele teria e
que o publicitário não consegue.
Cerca de 84% do público acha que
apublicidadeexagera,quandoapre-
sentaosprodutos.Essa leituracríti-
ca me deixa particularmente feliz.
Mas issonãodeve impedir desepa-
rar uma coisa da outra. No caso do
marketing, eventualmente, esse
marqueteiro, aoqual nos referimos,
nãoéumverdadeiroprofissional de
marketing.Aspessoasestãoassus-
tadasporquenãosabemexatamen-
teaextensãodessacapacidadeex-
traordinária que ele tem, de
transformação
.
Rafael –
Masseráqueháconsciên-
ciadequeexisteummarqueteiropor
trás dos produtos e dos serviços?
Armando–
Apesquisamais ampla
foi feita exclusivamente sobre pro-
paganda.
Adilson –
A palavra
marqueteiro
tem sido associada a dois publici-
tários e não a homens de
marketing. A conotação veio de
marqueteiro para publicitário. Ou-
tro dia, estava lendo a relação de
pessoas que estão em evidência
no mercado, fiquei orgulhoso. Só
vi brasileiros. Inclusive, estãosubs-
tituindoosestrangeirosnasempre-
sas. E eu fico orgulhoso de ver a
ESPM formando novas levas de
alunos,
de
profissionais
credenciadosparaassumir cargos.
FG –
Eu queria voltar ao que o
Piratiningadisseagorapouco.Vamos
nos concentrar nos aspectos mais
modernosdessedebate.Pareceevi-
dentequea imagemdapropaganda
nãoapresentagrandesproblemas–
apropagandacorrealguns riscosprá-
ticos, reais, principalmente na área
política. Nesse exato momento, al-
gumcongressistaestápensandoem
alguma coisa que vai nos afetar,
cedo ou tarde. Como proibir a pro-
paganda de brinquedos ou coisa
parecida. Há ameaças concretas
contraapropaganda.Senão tomar-
moscuidado–eseasociedadenão
tivesseobom-sensoque tem–, aca-
bariam proibindometade da propa-
gandaquese fazhoje, semnenhum
benefício social. Vocês não acham
que deveríamos falar mais desses
problemasmenossubjetivos,que le-
vam esses homens públicos a ten-
“Eusoupagopelo
anunciantepara
falarbemdo
produto.Nema lei
dedefesado
consumidor
obriga-mea falar
do lado ruim.”
tar cercear apropaganda?Enóssa-
bemosquais são– sexo, fumo, brin-
quedos, álcool.
JR –
Aparentemente. Se os dados
do Ibope estiverem corretos, eles
estãoangariandobemmenosvotos
do que pensam.
Hiran –
O que se passa – no meu
entendimento – é que quando al-
guém quer proibir a propaganda de
cigarro, na verdade, está querendo
proibir o cigarro. Quando proíbe
anunciar o brinquedo, da forma que
àsvezeséanunciado,a intençãonão
é contra a propaganda. Isso talvez
nemsempre fiqueclaro.É lógicoque
nós defendemos a liberdade de ex-
pressãocomercial.Masopontoaque
quero chegar é o seguinte. Há, hoje,
umprocesso,uma transformação.As
empresas, hoje, têm de se conduzir
de maneira diferente. O Piratininga
mencionouo InstitutoEthos.Oqueas
pessoas esperam das empresas?
Responsabilidadesocial.Enãopode
ser apenas um discurso. Entra a
questão da reputação. É uma atitu-
de no dia-a-dia, que vemos numa
Natura, por exemplo, e outras boas
empresas. Um companheiro nosso