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Revista daESPM – Setembro/Outubro de 2002
“Sãopessoasque
gostariamdeque
tudofosse
controladoese
vêemcomo
grandespais,
querendo ‘educar’
opovo.”
–RicardoGuimarães–que se con-
centrounaTimbreéumprofissional
que templenaconsciênciadissohá
alguns anos e orienta os clientes
dele nessa direção. Se a coisa co-
meçacerta, éevidentequeacomu-
nicação – como decorrência de um
processo – vai ser feita de forma
saudável, construtiva, bempercebi-
daenãovai provocar essas tentati-
vas deproibir propaganda. É tentar
segurar o jato de água na ponta da
mangueira, quando o que se deve-
riaera fechara torneira.Precisamos
estimularessa transformação.Acho
que é uma grande notícia, na pes-
quisa, essaconstataçãodaeficácia
da propaganda. O Ednei acha que
omercadoestáótimo; eunãoacho.
Comoempresário, sóvejoomerca-
do cair. E não estou falando dami-
nha empresa, que cresceu no ano
passadoe, esseano, vai crescer de
novo.NemoDenisnemeusabemos
como, porque a gente só vê omer-
cadopiorar. Mas omercado vai mal
eamídiaestápéssima. Por quê?O
anunciantenãoacreditamaisnaefi-
cácia da propaganda. E a pesquisa
estámostrandoqueopúblicose infor-
ma pela propaganda, compra; quer
queoGovernoanuncie, porqueacha
que informar é um dever. É o público
quenosestádizendoqueela temefi-
cácia.Agora, quando?Quandoé ver-
dadeira,criativa, interessante, inteligen-
te, feitacom responsabilidadesocial.
Rafael –
Se está apresentando um
produto errado, com preço errado,
serviçodeficiente,éclaroqueelanão
pode ser eficiente e nem capaz de
empurrar isso para a sociedade.
Armando–
Easpessoasdizem isso
com toda clareza: “Jamais compra-
ríamos de novo.” Testam o produto,
masnãohápropagandaqueas faça
comprar novamente.
Hiran –
E esse instrumento – “pro-
paganda” – às vezes passa por
ineficiente quando, na verdade, a
ineficiência está na origem. Falo de
propaganda
latosensu
–comunica-
ção, o processo de informação.
Rafael –
Gracioso, quando vocêdiz
queospolíticosnosvêemmal, acho
que, na realidade, podemos pensar
em três categorias com as quais te-
nho tido alguns confrontos em
Brasília, para defender as posições
dosanunciantes.Umsegmento–ain-
da pequeno – é o dos que sabem
sobre qual bicho estamos falando.
Parte deles são pessoas que gosta-
riam, no fundo, de que tudo fosse
controladoesevêemcomograndes
pais, querendo “educar” o povo. Ou
seja,sãoatéantidemocráticosnasua
essência–paternalistas–eademo-
cracianãoestábaseadanoprincípio
do paternalismo, mas da igualdade
e do livre arbítrio. Além disso, eles,
realmente, acreditam que a propa-
gandaécapazde fazer coisasmuito
superiores aoquede fato faz
.
Nelson –
Isso não será conseqüên-
ciada campanhaparapresidentede
12anosatrás?Estãoassociandopro-
pagandacomacomunicaçãodeque
foi capaz de fazer alguém que tinha
2%de intençãodevotosereleitopre-
sidentedaRepública?
JR–
AcampanhadoCollor.
Nelson –
E foi eleito commais de
40milhões de votos. Não é esse o
medo que passa pela cabeça do
cidadão?
Rafael –
Issoéanterior.OCollor, na
verdade, tinha um discurso muito
bom. Era o que todos esperavam e
foi exatamente o que ele disse. O
discurso era falso, masmuito bom.