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Revista daESPM – Setembro/Outubro de 2002
que o único de queme lembro – foi
feito no começo desse ano. OClu-
bepromoveuumacampanhadizen-
doquemarketingéuma coisaposi-
tiva. Mas não fizemos, ainda, a
campanha de marketing do
marketing. Eamaioriadaspessoas
demarketing,que têmsucesso,pre-
fere ser conhecida como empresá-
rios, gestores, dirigentes de empre-
sas e não como executivos de
marketing, oumarqueteiros.
Piratininga –
Há um consenso, na
mesa,dequeopublicitário tema ima-
gem de inteligente, criativo mas
também superficial, nessa pesquisa
da Escola e que o homem de
marketing não tem imagem nenhu-
ma, porque as pessoas não sabem
exatamente o que quer dizer
marketing.Propaganda,osujeito liga
a televisãoànoiteemcasaesabeo
que é um comercial. Agora, ele não
sabeque,por trásdaquelecomercial,
há um planejamento de marketing,
todo um processo que levou a que
aquelecomercial fosse feitodaquela
forma, com aquela forma, o tipo de
argumentação, os atores etc.
Rafael –
Quandoexisteesseplane-
jamento.
Piratininga –
Estamos falando em
tese.
Adilson –
Gostaria de trazer algu-
ma coisa que possa ser
utilizada pelos alunos da
ESPM. Estou há 40 anos
nomercado–oProf.Gra-
cioso foi meu professor
quando a Escola
era na rua Sete
de Abril – e
atuei nas áreas
deplanejamentoeaten-
dimento. O marketing
não existia naquele
tempo; existiagerente
de produto. A Gessy-
Lever, aNestlé foramasgrandes fá-
bricasdessesprofissionaisque, de-
pois, se tornaram presidentes de
empresas. Fazia-se um marketing
intuitivo e não havia dados sobre o
mercado.Vejoos resultadosdepes-
quisas – qualitativa ou quantitativa
– de maneira relativa. O Brasil é
muito grande e hámuita discrepân-
cia.Hácoisasdopassadoaindaacon-
tecendo, em outras áreas do Brasil.
As pressões exercidas, sobre o pro-
fissional demarketing, pelas empre-
sas, para ganhar mercado, provoca-
ram uma grande rotatividade desse
profissional.Alguns conseguiram su-
bir e chegar a posições expressivas,
mas não tiveram tempo de definir o
posicionamento, o
status
do homem
de marketing e recaiu tudo sobre a
propaganda. Mas nós já demos al-
gunspassos.Hoje, temosapoio, te-
mos mais números, pesquisas. A
qualidade da comunicação evoluiu.
AchoqueosdadosobtidospelaABP
refletembastantebemoestágioem
que estamos, em termos de comu-
nicação. Vamos esquecer um pou-
coapropagandae falar dapartede
comunicação que emana do
marketing e é, depois, produzida
através da propaganda. Temos ain-
damuitopela frente–apartepolíti-
ca, ediversosoutros fatoresque in-
fluenciamanossaprofissão.Mas já
ganhamosmuito. Vejo profissionais
mais coerentes, sintonizados. Hou-
ve tempo em que havia uma luta
entre escolas diferentes de
marketing por parte das empresas
queeramdeorigemeuropéia, ame-
ricana – havia conflitos. Agora
estamos tendo oportunidade de ver
omarketing brasileiro. Há gerentes
de marketing brasileiros em toda a
América Latina; antigamente eram
todos argentinos. Até alguns presi-
dentes, trazendoculturasdiferentes
da nossa, para implantar aqui. Pre-
cisamos, sim, trabalhara imagemdo
homemdemarketing. Opublicitário
ficou comuma imagemqueprecisa
ser polida, aquela imagem de
lantejoulas; e de
bon vivant
– está
no camarote da Brahma, anda de
iate etc. – uma imagem ainda
distorcida. Mas, em termos de evo-
lução, já demos um grande passo.
JR–
OCONARéumexemplodes-
sa evolução profissional.
Piratininga –
Mas, na pesquisa da
ABP, ficaclaroqueoCONARéqua-
seque totalmentedesconhecidodo
público, de maneira geral. E não
“Osentrevistados
tinhamclara
consciênciadeque
seestavafalando
depropaganda
comercial.”