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S E T E M B R O
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O U T U B R O
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2 0 0 3 – R E V I S TA D A E S PM
Durval
Meirelles,
Roberto
Gil Uchoa
contribuiparaatransformaçãodotem-
po em nossa sociedade de duas for-
mas diferentes: simultaneidade e
interpolaridade.Aomesmo tempoem
que temoscontatocomnotíciasacon-
tecendonomundo inteiro em tempo
real, oferece-se ao expectador amis-
turadetemposnamídiadentrodomes-
mo canal de comunicação, criando
uma colagem temporal em que não
apenassemisturamgêneros,masseus
tempos tornam-se síncronos em um
horizonte aberto sem começo, nem
fim,nemseqüência.Éo tempovirtual,
o tempo intemporal.
Oprocessodetrabalhositua-senocerne
daestruturasocial.Veremoscomooau-
toranalisaas transformaçõessociaisno
âmbito do homem e a economia, ou
seja,nasua relaçãocomasempresas–
omercadode trabalho informacional.
3.
ATRANSFORMA-
ÇÃODOTRABALHO
EOMERCADODE
TRABALHO
Omanifesto cultural de Johnson (2001)
parece concordar com as assertivas de
Castells, àmedida que brilhantemente
mapeiacomoocomputadortransformanos-
samaneiradecriar ecomunicar, ditando
novoscomportamentos.Aodescreverave-
locidadecomoessasinterfacesquesedão
nobinômiohomem-teconologia,eledisserta
emsuaobrasobrea fusãoarte-tecnologia
comosendoumprodutodoavançodave-
locidadedessatecnologiadasinterfaces.
Por seu turno, Reinaldo Gonçalves
(2002,Capítulo3),ao fazerumaanálise
docapitalismoglobaleseus reflexosna
economiabrasileira, dedicaumcapítu-
lo aos reflexos da inter-relação entre
progresso técnico e o desemprego no
mundomoderno.Oargumentocentral
équeaprincipalcausada tendênciade
aumento do desemprego no passado
recentenãoéoprogressotécnico.Ainda
queasnovastecnologiasdeprocessose-
jam intrinsecamentepoupadorasde tra-
balho, o progresso técnico, segundo o
professordaUFRJ, envolvenovasopor-
tunidades de investimento, inclusive
aquelasassociadastantoanovosproces-
soscomoanovosprodutos.
Nesse sentido, Gonçalves conclui
empiricamente – poisnãosetemdados
disponíveis ou pesquisas válidas que
possam suportar essa conclusão –, a
incapacidadedosagenteseconômicos
deexplorar essasnovasoportunidades
denegócios,viamaioresinvestimentos,
provocaescassezdedemandaagregada
e, por conseguinte, a tendênciaaode-
sempregoempaísesdesenvolvidoseem
desenvolvimento.
Prevaleceaobservaçãohistóricadeque
ocapitalismoglobalcaracteriza-sepela
incapacidade de absorver trabalho na
mesmamagnitude em que rejeita. As
taxasdecrescimentodaproduçãonão
têm sido elevadas o bastante para
reduzirsignificativamentea taxadede-
semprego nos países que formam o
núcleoduro(Gonçalves,2002)daeco-
nomiamundial.
EmpaísescomoaAlemanhaeaFran-
ça,aindapersistem taxasrelativamente
altasdedesemprego(videTabela1).No
caso do Japão, a taxa de desemprego
de 5%, em 2000, é considerada alta
pelospadrõeshistóricosdestepaís.
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O discurso neoliberal de uma economia baseada na globalização de
mercados permitiu a expansão desequilibrada de agentes econômicos
e aumentou o abismo social entre as nações.
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