137
julho/agostode2013|
RevistadaESPM
dez pontos de partida para umpossívelmodelobrasileiro
de sociedade, a partir do qual levantamos um conjunto
de questões e depoimentos para pensarmos o papel que
o Brasil deseja e pode assumir no futuro. A íntegra desse
documentoestádisponível no
site
.
Umdos pontos levantados no evento foi o fatode opaís
ser gigante pela própria natureza. Comdimensões conti-
nentais e 200milhões de pessoas, oBrasil temuma natu-
reza pródiga e demanda umprojeto de nação consistente
esustentável emvários eixos: econômico, social, cultural,
ambiental. Já está na hora de o Brasil começar a crescer,
pois temos 32 anos de média etária. É hora de pôr para
fora o que realmente queremos e o que efetivamente não
queremos que aconteça com o nosso país. “Você não vai
conseguir resolver oqueosoutrospaíses jádesenvolvidos
resolveram, se seguir a mesma trilha deles”, assegura o
jornalista Luis Nassif. “O Brasil e o mundo veem o lixo
como um problema. Na verdade, o lixo é a solução para
os problemas sociais e ambientais que a gente temaqui”,
complementa o grafiteiro ThiagoMundano, especialista
em transformar lixo emarte.
Nesse contexto, a criatividade e capacidade de adap-
tação, que são percebidas como qualidades do brasileiro,
só ganham força a partir do diálogo com valores éticos.
“Levanto a bandeira de uma certa negação emrelação ao
jeitinho, conhecido como corrupção. Ela existe emtodos
os países, a frequência talvez possa ser maior aqui, prin-
cipalmente por conta da nossa construção histórica de
expropriação”, defendeosociólogoRicardoCarvalho. “Tal-
vez coma educação, oprocessodo avançoda política e da
democracia, a gente possa se apropriar dessa
terra brasilis
e, nesse sentido, se apropriar, também, da responsabili-
dade por esse ato de transgressão.”
Carvalhoapontaaindaqueummodelobrasileirodesocie-
dade implica beleza, leveza e amor, alegria, afetividade e
sonho. “Hoje a felicidade éobjetoda economia, [...] oBrasil
é o primeiro lugar do índice de felicidade futura, o brasi-
leiroacordaeesperaqueeleseja feliz.OswalddeAndrade,
que morreu sem saber disso, criou a frase maravilhosa
domanifesto antropofágico: ‘Antes de Cabral descobrir o
Brasil, os brasileiros já tinhamdescoberto a felicidade’.”
Acapacidade de acolher as diferenças e buscar conver-
gências é o que tornará possível criar ummodelo inclu-
sivo, sempreconceitos, empático, solidário, justo. Somos
todos aprendizes, precisamos pensar emuma educação
com o planeta emmente e a responsabilidade sobre ele
deve ser compartilhada. Uma educação que seja de fato
para o século 21, para omilênio, que construa cultura de
responsabilidades para sociedades sustentáveis.
E esse caminho passa pela sociabilidade, comunica-
ção e contato humano. A troca de ideias presenciais e em
redes colaborativas e cooperativas entre si é a chave para
o exercício da responsabilidade cidadã, compartilhada,
em seus diferentes níveis. “Ou a gente constrói respon-
sabilidade compartilhada, ou achamos que a solução é
só da sociedade civil, só do governo ou só de
alguns. Sem a construção da responsabili-
dade compartilhada não chegaremos a lugar
algum”, comenta Nelton Miguel Friedrich,
diretor de coordenação e meio ambiente da
Itaipu Binacional.
A criatividade e capacidade de adaptação,
que são percebidas como qualidades
do brasileiro, só ganham força a partir
do diálogo com valores éticos
pimp my
carroça