economia
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Revista da ESPM
| julho/agostode 2013
cresceu 1% em 2012 e o ajuste do salário mínimo foi de
14%, as empresas tiveramde pagar aos seus empregados
mais do que receberam. Para cumprir a lei, os empresá-
rios precisam aumentar os preços de venda para seus
distribuidores e vendedores finais. Isso é inflacionário
e distorce toda e qualquer política de preços setoriais,
pois cada setor econômico temprodutividade diferente
e prazo de venda distinto.
Apolíticaeconômicade estímuloaocrescimento
—
que
facilitou o crédito ao consumidor e eliminou os impos-
tos PIS e Cofins sobre a folha de pagamento de mais de
50 setores
—
acarretou o aumento da demanda (despro-
porcional à capacidade de oferta da indústria) por bens
duráveis e de consumo. Nesta lista de compras estão
automóveis, geladeiras, casas populares e apartamen-
tos de baixa renda, educação, saúde e seguro em geral,
alimentação e vestuário. Os estímulos fiscais e credití-
cios ao consumo fizeram com que os diversos setores
contratassempessoas de todos osníveis, principalmente
de baixa qualificação, como forma de atender aos servi-
ços básicos. Os efeitos tanto da regra de ajuste do salário
mínimoquantodamassa salarial real foramsuperiores à
capacidade da oferta dos setores de serviços e industrial.
Osetordeserviçosnãoenfrentaaconcorrênciaexterna
como o industrial. Um aumento de demanda nesse seg-
mento, normalmente, acarreta uma elevação de preços,
poisnãoháimportaçãodeserviçosemsegurança,limpeza,
educação e atividade doméstica por conta do acréscimo
de demanda. Dessamaneira, dá-se o aumentode preços e
vagasdeemprego.Nosetor industrial, quandoháaumento
de demanda por bens de capital e de consumo duráveis
acima da oferta, importam-se máquinas, equipamentos
e componentes compreçosmais competitivos. Assim, os
preçosnosetor industrial edemanufaturaspermanecem
maisestáveis,enquantonacategoriadeserviçosoaumento
dademandapromoveaelevaçãodepreços, ouseja, a infla-
ção. Há mais um agravante: como o setor industrial tam-
bémconsomeprodutos da áreade serviços, oaumentode
preçosnesteúltimoé repassadoparao industrial. Este, no
entanto,nãoconseguerepassá-loparaospreçosfinaispelo
fatodeoconsumidor preferir produtos similares importa-
dos.Talpráticareduzamargemdelucroedeinvestimentos
do setor industrial. Com isso, o setor perde dinamismo e
competitividade. Essaéa realidadedosetor industrial bra-
sileirodesde oPlanoReal.
Além desse desequilíbrio de preços relativos entre
setores, a elevada carga tributária sobre a renda laboral
reduz a capacidade de consumo, assimcomo a formação
de poupança individual. Esse é umelemento importante
para o trabalhador constituir sua previdência e seguros
de saúde. Na ausência de renda disponívelmaior, o cami-
nho para o consumo tem sido o uso de crédito, em tem-
pos de juros baixos. Essa alternativa, emumpaís como
Em meio a políticas incertas, o
assalariado se endivida e aposta
em seu futuro duvidoso. O
resultado é a inadimplência
AatrizRegina Casé divulga o cartãoMinha CasaMelhor, da Caixa, para os participantes do programaMinha CasaMinhaVida
divulgação