Revista ESPM - jul-ago - Revolução Silenciosa - educação executiva como vantagem estratégica das empresas - page 64

estratégia
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Revista da ESPM
| julho/agostode 2013
currículos desatualizados. Salvo exceções, esse método
de ensino pouco ou nada contribui para desenvolver nos
alunosplanosdevidaeprofissional, alémdevalorescomo
respeito, confiança e solidariedade e atémesmo as ques-
tões de disciplina e cidadania.
Isso nos remete ao terceiro ponto: a falta de oportuni-
dade para aprender e trabalhar. Estudandomeioperíodo,
essas crianças e jovens ficamcomtempo “livre”, quando
deveriam continuar aprendendo. Por força da Emenda
Constitucional nº 20 (1998), a idademínimapara omenor
trabalhar saltou de 14 para 16 anos, numa decisão desco-
nectada da realidade educacional, incapaz de oferecer a
todosoperíodo integral. Oadolescenteque, apartir dos14
anos, trabalhava comomensageiro ou auxiliar, aprendia
uma profissão e, acima de tudo, a se comportar de forma
cidadã. Hoje fica disponível para viver na informalidade
e, muitas vezes, até na criminalidade.
Melhoramos inegavelmentealguns indicadores sociais
doBrasil,mas,noquesitoeducação,retrocedemos,quando
comparados com outros países. Em 2001, éramos o 69º
país no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da
ONU. Hoje somos o 85º. No Índice de Desenvolvimento
da Educação (IDE) da ONU, ocupamos o 88º lugar, atrás
de países como o Paraguai e Bolívia, que nunca foram
referências socioeconômicas.
DeacordocomoCensoEscolar,doInstitutoNacionalde
Estudos e Pesquisas EducacionaisAnísioTeixeira (Inep),
de 2002 a 2012, enquanto a população brasileira cresceu
19milhões, opaísperdeu10%dasmatrículasnaeducação
básica. Onúmerode formados no ensinomédio caiupara
1,8milhãopor ano, ou seja,menos de 1%danossapopula-
ção, número insuficiente para um país que precisa criar
empregosmais qualificados.
Em2010, oCensoEscolar apontou que 57,7milhões de
pessoas acimade 18 anos nãohaviamconcluídoo ensino
fundamental. Incluindo os menores de 18 que já aban-
donaram a escola, chegamos próximos de 65 milhões
de brasileiros fora da escola. Esse número equivale à
populaçãoda França. Se nada for feito,milhões de jovens
estarãocondenados a trabalhos depoucovalor e a ganhar
baixos salários. Ao contrário do que se podia esperar,
os programas de Educação para Jovens e Adultos (EJA)
tiveram redução de 29,6% de matrículas, entre os Cen-
sos Escolares de 2002 a 2012, sem falar na qualidade do
que é oferecido. Em2012, somente 3,9milhões estavam
matriculados no EJA, correspondendo a apenas 6% dos
que abandonaram a escola.
Orelatório
DeOlho nasMetas
, publicadonoúltimomês
demarço peloMovimento Todos Pela Educação, mostra
queapenasumnúmeroreduzidode jovensdominaoscon-
ceitos básicos dematemática e português, considerados
essenciais para a educação continuada e para a profis-
sionalização. De acordo como levantamento, neste ano
apenas 10,3% dos estudantes do ensino médio tinham
aprendizado emmatemática e 29,3% emportuguês, ade-
quados à sua série. Isso mostra que, ao tentar entrar no
Umpaís que coloca a educação
como prioridade estratégica cria
o ambiente favorável para uma
sociedade mais equilibrada e justa
Peças da campanha institucional doMovimento
Todos pela Educação
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