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julho/agostode2013|
RevistadaESPM
mercado de trabalho, amaioria dos recém-formados no
ensinomédio não apresenta as condiçõesmínimas para
exercer uma profissão.
No Brasil, a maior parte dos investimentos públicos
e muitos dos privados estão direcionados ao ensino
superior. Contudo, o crescimento do número de cursos
e vagas foi totalmente desconectado com as necessida-
des do país. Dos 6,7 milhões de universitários medidos
pelo Censo Escolar 2010, 1,1 milhão estudavam admi-
nistração e 650 mil estudavam direito, enquanto o Bra-
sil carecia demédicos, engenheiros, biólogos, químicos
e outras especialidades. Além disso, o ensino superior
não se diferencia pela qualidade como comprovam as
médias apuradas no Exame Nacional de Desempenho
de Estudantes (Enade). Das 1.210 faculdades de direito
existentes no país em 2011, somente 90, menos de 8%,
conseguiram o selo “OAB Recomenda”, que garante a
qualidade do ensino.
O que ocorre no Brasil é um desperdício de tempo
e recurso. Dados divulgados pela Organização para a
Cooperação eDesenvolvimento Econômico (OCDE), em
junho de 2013, indicam que o Brasil teve o mais baixo
índice de conclusão do ensino superior e o terceiro
pior entre os que completam o ensino médio, entre os
35 países pesquisados. Não obstante o desperdício de
tempo e recursos, o estudo da OCDE revela que, em
nenhum outro país, fora o Brasil, concluir a faculdade
faz tanta diferença em termos de emprego e renda.
O ensino médio é a principal fonte de formação de
profissionais qualificados. Mas, além da insuficiente
quantidade de formados, nos defrontamos coma baixa
qualidade. Nossamédia nacional no Índice da Educação
Básica (Ideb) foi de apenas 3,7 em 2011, numa escala
que vai até 10. Nos últimos três levantamentos (2007,
2009 e 2011), o índice cresceu quase nada: apenas 0,1
(um décimo), a cada dois anos. Nesse ritmo, para o
Brasil chegar à média 5, só no ano 2040!
Isso significa que temos uma longa jornada a cum-
prir e que as empresas não podem esperar sem agir.
É preciso definir uma estratégia e ações apropriadas
para encontrar soluções frente ao problema.
Respondendo aos desafios
As empresas precisam ter um plano estratégico de
educação corporativa, dada a enorme carência edu-
cacional da população brasileira. Só com uma estra-
tégia clara e de longo prazo o mercado conseguirá
sustentar as prioridades negociais e responder aos
desafios com programas concretos de qualificação
de pessoas.
A questão é complexa e não pode ser relegada ao ter-
ceiro ou quarto escalão, como se educação corporativa
pudesse ser confundida com uma simples operação de
treinamento. É tão importante, que deveria fazer parte
da pauta dos conselhos de administração que aprovam
e avaliam os investimentos da empresa.
De nada adianta sermos a sétima
economia, em volume de PIB,
se não cultivarmos os fundamentos
do verdadeiro desenvolvimento
divulgação