entrevista | Marisa Eboli
Revista da ESPM
| julho/agostode 2013
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posições de liderança. A ideia de que
profissionais cada vez mais jovens
estão procurando já fazer um MBA
ou uma pós-graduação é boa, ruim
ou não faz diferença?
Marisa
— Isto é fato. É o que a gente
está vendo aqui também. Faz di-
ferença, sim. Há vantagens e des-
vantagens, mas não adianta ficar
pensando se é bom ou ruim. É fato,
ninguém vai poder proibir essa mo-
çada de vir. E precisamos lidar com
isso. O problema não é o preparo
[dessas pessoas], é a experiência.
Falta maturidade.
Alexandre
— Como você, no papel
de professora, faz para que elas ama-
dureçam mais rápido?
Mar i sa
— Ninguém amadurece
mais rápido em sala de aula. Este é
o ponto.
Alexandre
— Qual é o perfil do es-
tudante de MBA hoje?
Marisa
— É muito próximo do per-
fil dos jovenzinhos que vêm fazer
especialização. Eu não vejo mais
diferença. Cada vez encontro mais
dificuldade em dar aulas.
Alexandre
— Insisto, então. Como
você faz com que esses jovens ga-
nhem mais experiência?
Mar i sa
— É compar ti l hando, é
por colaboração e mais troca. Eles
ainda têm pouca bagagem. Então,
terão de compartilhar mais. Não
só compartilhar entre eles, mas
dentro de comunidades. Esse é
um público que resiste mais a ler.
Assim, teremos de pensar em ou-
tras formas [de aprendizado], mas
não se pode abrir mão da leitura.
De certa forma, as empresas estão
inovando mais do que as próprias
instituições de ensino.
Alexandre
— Quando os cursos de
pós-graduação executiva começaram
no Brasil, os mais procurados eram
os MBAs Executivos com 360 horas
no mínimo. Hoje, na ânsia de diver-
sificar o currículo, os jovens preferem
cursos rápidos de pós-graduação, que
podemos chamar de especialização.
O que a senhora acha dessa dico-
tomia? Será benéfica para jovens e
empresas?
Marisa
— Eu não vejo nada de ruim.
Também não vejo nada de ruim em
continuar fazendo MBA. Ele gera,
sim, um efeito, tem resultados para
os alunos. Mas não é onde está a
maior demanda. Se as escolas de
administração olhassem para um
público um pouquinho mais técni-
co, talvez tivessem de brigar menos
no mercado.
Alexandre
— Talvez as escolas e
as empresas precisassem caprichar
um pouco mais nas métricas, para
mensurar melhor as demandas e os
resultados da educação continuada.
Marisa
— Com certeza. Ninguém
mede de fato. Todo mundo fala que
é importante, mas não mede. É
uma coisa impressionista. Não sei
como continuam justificando esses
investimentos.
Alexandre
— Talvez seja o próximo
grande desafio, sob pena de não reno-
var tais investimentos.
Marisa
— Muito do que acaba acon-
tecendo aqui no Brasil está ligado
a isso.
Alexandre
— A única limitação do
MBA Executivo do tipo americano é
que ele não fornece titulação acadê-
mica. O mestrado stricto sensu pro-
fissionalizante, permitido pelo MEC,
não atrai os jovens que pretendem
trabalhar em empresas. Você vê algo
que pode ser feito para aproximar
essas duas vertentes, seguindo o mo-
delo americano?
Marisa
— É o MPA [Mestrado Pro-
fissional em Administração]. O
mestrado profissional acaba sen-
do esse meio-termo. Ele permite
uma titulação à qual você pode dar
continuidade e, ao mesmo tempo,
atende o executivo profissional de
empresa.
Alexandre
— Que pensa da educa-
ção corporativa voltada para marke-
ting e comunicação?
Marisa
— Agora, especificamente,
estou trabalhando num projeto em
que é forte a escola de marketing.
OMBA gera resultados para os alunos.
Mas não é onde está a maior demanda. Se as escolas
de administração olhassempara o público mais
técnico, talvez tivessemde brigar menos no mercado