julho/agostode2013|
RevistadaESPM
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Os jovensnãodeveriam
trabalharpordinheiro
Por Arnaldo Comin
Fotos: Divulgação
U
rgência. Esse sentimento tão inerente aos jovens nunca foi tão difícil de
ser lidado quanto agora. Pelomenos quando o assunto émercado de tra-
balho. Se em1968, quemsaía das universidades queriamudar omundo,
os objetivos dessa nova geração são bem diferentes. Fazer carreira, ter
sucesso e dinheiro, o mais rápido possível. Os jovens de hoje são mais individualis-
tas? Talvez. Masmuitos têmtalento de sobra, umativo cada vezmais caro às empre-
sas, por ser difícil de obter e, sobretudo, de reter.
Para uma geraçãoque vive conectada o tempo todo e está inserida emumambien-
te familiarmenos rígido e dogmático, adaptar-se à liturgia dos planos de carreira das
grandes empresas é igualmente difícil. Essa incompatibilidade de expectativas cria
um cenário de tensão entre capital e trabalho. De um lado, jovens dispostos a tudo
por reconhecimento imediato e melhores salários. De outro, companhias se esfor-
çando paramoldar os novos colaboradores a suas culturas corporativas.
Claus Vieira e Luís Testa, respectivamente presidente e diretor de marketing e
estratégia da Catho, amaior empresa de colocação profissional do Brasil, conhecem
bemessa novela. Eles próprios começaramsuas carreiras como trainees emgrandes
companhias e sabemque ser jovemsignifica ter pouco tempo a perder. Mas, nomeio
de campo diário entre empregado e empregador, eles constatam uma tendência
inquietante. “Aqui, na Catho, está havendo uma canibalização positiva, jovens que
trocamo estágio pelo primeiro emprego. Eles estão queimando etapas”, diz Claus.
Para quem está começando, o executivo alerta que essa nem sempre é a melhor
opção. Num estágio, pode-se adquirir uma visão mais ampla, sem a mesma pressão
por resultados. Há 15 meses no comando da Catho, Claus vem implementando um
processo de transformação da cultura organizacional da empresa, no qual ele próprio
sente dificuldade para recrutar talentos. Como se vê, não está fácil paraninguém.