Marketing eleitoral
Revista da ESPM
| janeiro/fevereirode 2013
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Sayeg,osegundooposicionista,agregousomente66novos
seguidores (passou de 243 para 309).
No Facebook, Toron finalizou a empreitada com quase
cincomil fãs.Marcos daCosta tevemais dedoismil. Sayeg,
quechegouaofimcommaisde24milfãs,obtevemuitomais
“sucesso” no Facebook do que no Twitter.
Sim, “sucesso” entre aspas. Explico. Qual foi o fator de
engajamentodosfãsnoFacebookdoscandidatos?Quantos
usuários, de fato, repercutiram, comentarameespalharam
asmensagens de cada candidato?
Anabolizantes
Para responder é preciso examinarmelhor umfenômeno
notável, pela sua artificialidade, ocorrido na campanha
à OAB-SP. Trata-se da “anabolização” do Facebook no
sentido de fazer crescer a quantidade de fãs de maneira
espetacular, mas de forma totalmente “inorgânica” e
artificial, para dizer o mínimo. Isso ajuda o candidato
a dizer que tem muitos fãs, mas não serve para nada na
rede, porque os fãs, de fato, inexistem.
É possível conquistar fãs por meio de publicidade, omé-
todo clássico para alavancar audiência, seja na internet ou
na mídia tradicional. Na campanha da OAB, essa prática
não é regulamentada, portantopermitida, ao contráriodas
eleições para o Executivo e Legislativo no Brasil. Mas não
é disso que falamos aqui, e sim de um outro meio de fazer
cresceraaudiência,odacompradefãs,açãoabsolutamente
inócua,porqueabasecrescesemnenhumenvolvimentodo
usuário coma página.
Há várias empresas que vendem fãs e ações de curtir (o
popular“like”)noFacebook.Qualquerbuscanainternetpor
“comprarfãnoFacebook”exibiráváriosnegociantes,como,
porexemplo,awww.icene.com.br.Nodia29denovembrode
2012,elacomercializavamil“curtidas”porR$79,99.Sevocê
comprassedezmil“curtidas”,saía,proporcionalmente,mais
emconta: R$ 599,99.
Várias empresas continuam no negócio de “venda de
fãs”, mesmo depois que a direção do Facebook deu início
ao combate dessa manipulação cortando, sumariamente,
“likes” falsos — como o fez em setembro de 2012 ao anular
34mil “likes” das cantoras Lady Gaga, 28mil de Rihanna e
26mil de Shakira.
A página no Facebook do candidato Ricardo Sayeg é um
casotípicodesaltosinorgânicos,foradospadrõesdecresci-
mentoquandose “agita”de formaprofissional eestimulada
asredespormeiodeequipesespecializadasemmídiasocial
ou pormeio de publicidade.
Emagostode2012,mêsdolançamentodapáginadeSayeg
noFacebook,eleconseguiuapenas363fãs,umaquantidade
absolutamentedentrodospadrõesdeumapáginadeadvoga-
docandidatoàpresidênciadeuma instituiçãosegmentada.
No mesmo mês, o candidato Alberto Zacharias Toron, por
exemplo, ganhou 613 fãs no Facebook.
Foi em setembro, exatamente a partir do dia 19, que
a página de Sayeg começou a exibir um crescimento
anormal quando comparado à curva tradicional, mes-
mo à custa de publicidade. Sayeg vinha crescendo na
base de dois fãs por dia. Porém, em um único dia (19/9),
ele “conquistou” 1.059 fãs. Um pulo de quase 53 mil por
cento! Proporcionalmente, ele teriamuitomais força no
Facebook do que Lady Gaga.
E assim foi. Nos três dias seguintes, Sayeg conquistou
mais 1.913 fãs. Em seguida, ele, inexplicavelmente, des-
pencou para meros seis novos fãs e a contagem começou
a exibir comportamento um tanto “esquizofrênico”. Num
dia subia muito, milhares; noutro dia era inexpressivo.
Em 27 de setembro, voltou a crescer e, no mês de outubro,
Há várias empresas que vendem fãs e ações de curtir
(o popular “like”) no Facebook. Qualquer busca na internet
por “comprar fã no Facebook” exibirá vários negociantes,
como, por exemplo, a
PorR$599,99,épossívelcomprardezmil“fãs”noFacebook
emempresasespecializadasemburlarosistema