março/abrilde2013|
RevistadaESPM
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temumnível de gestão, onde os líderes têmessa condição
atribuída de forma temporária. Essa possibilidade cada
vez mais existe. A gente vê muita literatura de empresas
que trabalham dentro desse modelo horizontal. O emba-
samento é sempre omesmo. Qual é o ambiente ideal para
queosvalores sejamvivenciados?Vocêpodemandar uma
pessoa cumprir regras, seguir ummanual. Mas você não
pode mandar uma pessoa assumir valores.
Marcelo –
Horizontalizar [aorganização], quebrar apirâ-
mide, tirar essesníveis [hierárquicos] talvez sejamcoisas
interessantes para quemestá lá embaixo. Mas como lidar
com toda a perda que terá quem está em cima?
Mário –
Às vezes, nãodá. NaVagas, jáperdemos pessoas
quando elas perceberam que plano de carreira não era
sentar cada vez numa cadeiramais alta. Acontece. Agora,
veja quanta energia é desperdiçada na competição entre
pessoas. [O que propomos] é um modelo de gestão [no
qual] toda essa energia boa é canalizada na realização da
missão. NaVagas, o processo seletivo é fundamental, não
sóparaaferir acapacidade técnicaeosconhecimentosdas
pessoas, mas também a aderência à cultura da empresa.
Esse processo seletivo é ultracomplexo, envolve a equipe
na escolha e tem de ser por consenso, senão a gente co-
meça tudodenovo. Umdos dogmas é: nós só contratamos
pessoas que tenham o que nos ensinar. Agora, imagine
isso num ambiente vertical, onde a pessoa vai competir
pela cadeira que me interessa. No nossomodelo, faz todo
sentido, porque, se contrato alguém que tenha o que me
ensinar, esse cara vai me puxar para cima. E isso vai se
refletir no meu salário, também. Então, a gente ganha
essaenormeenergiaqueédesperdiçadanasempresaspor
conta da competição
–
os tapetes puxados, a informação
quenãoflui eassimpordiante
–
eatrai osgrandes talentos.
Gracioso –
Nos últimos cincoanos, o índicede inovação
e mudanças na indústria brasileira caiu bastante. Digo
isso baseado emalguns indicadores. Nós, aqui da Escola,
temos acesso ao chamado Laboratório de Embalagens,
que é um serviço mundial que computa e compara,
todos os anos, o número de novos produtos embalados
lançados em cada país. Até quatro ou cinco anos atrás,
o Brasil estava na liderança, junto com Estados Unidos,
Japão eAlemanha. Desde então, nosso desempenho vem
caindo sistematicamente. No ano passado, o número de
novos produtos lançados pela indústria brasileira (prin-
cipalmente cosméticos, higiene e alimentos) caiu a um
terçodoque erahá cinco anos. NoBrasil, historicamente,
a indústria de transformação sempremostrou umganho
deprodutividadede2%ou3%aoano. Em2012, aprodutivi-
dade caiu0,8%, de acordo como InstitutodeEstudos para
o Desenvolvimento Industrial. O que está acontecendo?
Será que a indústria acomodou-se ao nível elevado de
produção de bens de consumo que se atingiu no Brasil?
“Obrasileiroé sociável,mas também
desconfiado.Parachegarnaeconomia
de
opensource
vai serprecisoum
trabalhograndeno
ethos
das empresas”
DidierMarlier