Intraempreendedorismo
Revista da ESPM
|março/abril de 2013
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Entenda qual é o papel das lideranças no desenvolvimento das organizações
e aprenda a despertar o lado empreendedor emseus funcionários
M
u itas organ izações i nser idas em
segmentos altamente competitivos
escolheram o caminho da inovação
como forma de se diferenciar estra-
tegicamente. Assim, o intraempreendedorismo ou o
empreendedorismo corporativo vemganhando espaço
como alternativa viável para promover a inovação, a
partir da abertura de oportunidades para que qualquer
funcionário possa conceber e implementar suas ideias
demelhorias ao negócio. A condição fundamental para
colocar esse conceito em prática é o estabelecimento
de um clima interno que dê espaço para o fomento da
criatividade, a liberdade de ação e o rompimento com
os padrões e paradigmas que impeçam a inovação.
Essa fórmula foi criada apartir dadefiniçãodo termo
intraempreendedor, que é a livre tradução do original
intrapreneur
, cunhado por Gifford Pinchot III, em1978,
ao adaptar a palavra francesa
entrepreneur
(empreen-
dedor), para qualificar o empreendedor interno, o em-
preendedor corporativo. O intraempreendedor, na sua
concepção, é o funcionário que, sem precisar deixar a
organização, cria, promove e realiza projetos pessoais
alinhados comasnecessidades corporativas. Eleutiliza
a infraestrutura da empresa, incluindo pessoas, mate-
riais, equipamentos, recursosfinanceiros e instalações
para concretizar ideias inovadoras que estejamadequa-
das à orientação estratégica da companhia.
Embora os primeiros estudos sobre o assunto te-
nham sido conduzidos ao longo da década de 1980,
como demonstra a produção acadêmica da época, os
intraempreendedoresganharamexposiçãonaondadas
empresas de internet, umdos fenômenosmaismassifi-
cados e quemais contribuírampara o redescobrimento
do tema empreendedorismo. Ao dar o seu grito de
liberdade e perseguir seus sonhos, altos executivos
de grandes corporações como Pepsico, Black&Decker,
Citibank, Philip Morris e Du Pont abandonaram suas
carreiras estáveis em troca de uma aventura, ouvindo
um desejo, muitas vezes incontrolável, que os forçou
a sair do dia a dia corporativo, conduzindo um projeto
no qual acreditavam, mesmo que os resultados fossem
pífios se comparados como alto valor agregadoque eles
geravamemsuas respectivas empresas. Muitos desses
executivos tomaram esta decisão porque não encon-
travamespaço nas organizações para dar vazão ao seu
ímpetode realização, de fazer diferente, assumir riscos
e exercer sua criatividade. Esses mesmos executivos
não abandonariam seus empregos se tivessem esse
tipo de desafio em seus trabalhos.
Essa manifestação comportamental explica o em-
preendedorismo, mas não o intraempreendedorismo.
Porém a história não termina aqui. O que aconteceu
na virada do milênio foi o conhecido fenômeno do
estouro da bolha especulativa de supervalorização
das empresas de internet, que provocou a derrocada de
muitos modelos de negócios baseados em tecnologia.
O que aconteceu comesses executivos que viram seus
sonhos se transformarem em fumaça de um dia para
Aartede
equilibrar
liberdade e controle
PorMarcos Hashimoto