Revista ESPM - março/abril 2002 - page 86

Revista da ESPM – Março/Abril de 2002
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Com a imposição da venda da mar-
ca Bavária e das fábricas, o Cade visa
possibilitar a entrada de um novo con-
corrente com potencial para crescer e
conquistar 20% de participação no mer-
cado nacional em um prazo de quatro
anos. Na época da decisão, a Bavária
possuía 4,5% do mercado de cervejas e
um índice de 25% de lembrança junto
ao consumidor . A distribuição nesse
mercado é muito pulverizada e
dispendiosa, tornando-se uma das prin-
cipais barreiras para entrada de novos
concorrentes. Dados da Antarctica e da
Anheuser-Bush afirmam que no Brasil,
para atingir o ponto de equilíbrio, uma
planta de produção de cerveja precisa ter
uma capacidade de aproximadamente
200 milhões de litros por ano e produzir
efetivamente ao menos 160 milhões de
litros por ano.
Segundo o Gesner de Oliveira, pre-
sidente do Cade, o novo quadro poderá
garantir uma redução de 10% nos pre-
ços das cervejas para o consumidor.
Gesner deixou claro que, se caso algu-
ma das determinações do Conselho não
fosse cumprida, a AmBev estaria sujei-
ta a multas diárias de até R$ 106 mil.
Mesmo com restrições à concre-
tização da fusão, os interesses da nova
cervejaria não foram prejudicados; das
três principais condições impostas, ape-
nas uma não estava de acordo com o que
a AmBev desejava e planejava: a que
determinava que sua distribuição fosse
compartilhada com outras cervejarias.
A união entre a Antarctica e a
Brahma criou a terceira maior cerve-
jaria do mundo e a maior da América
Latina, em produção; e no mercado de
bebidas mundial, assumiu a quinta co-
locação. No Brasil, a AmBev passou a
concentrar 67% do mercado de cer-
vejas, passou a atuar em 18 Estados
da Federação, além das fábricas no
Uruguai, na Argentina e na Venezuela,
e conta com franquias de refrigeran-
tes no EUA, Japão e Portugal. As ope-
rações de exportação das duas empre-
sas, juntas, já se encontravam em mais
de 25 países.
As principais prejudicadas na deci-
são do Cade foram a Kaiser e a
Schincariol, que foram excluídas da com-
pra dos ativos da AmBev, por terem par-
ticipação de mercado superior a 5%. Para
o presidente da Kaiser, Humberto
Pandolpho, os votos do Cade não foram
técnicos; foram mais troca de opiniões
entre os conselheiros. Segundo ele, o re-
latório final era frágil e inconseqüente,
acusando o procurador-geral do Cade,
Amauri Serralvo, de ter desprezado 177
páginas de informações baseadas em
análises técnicas de seis procuradores do
próprio Conselho, que elaboraram o re-
latório sobre a AmBev.
A decisão do Cade gerou bastante
controvérsia e nem todos saíram satis-
feitos. No mesmo dia da decisão do Cade
o
Jornal Folha de S. Paulo
publicou al-
gumas opiniões de profissionais do mer-
cado a respeito da formação da AmBev:
O gerente nacional de vendas da
Schincariol, Francisco Martins, afirmou
que as condições impostas prejudicari-
am frontalmente os interesses dos con-
sumidores e das demais empresas que
atuam no setor, sendo esta uma situação
inadmissível em uma economia de mer-
cado, que defende mecanismos éticos de
concorrência. Percival Maricato, presi-
dente do conselho Deliberativo daAbredi
Fonte: Impact Databank Consultoria.
País
EUA
Holanda
Brasil
EUA
África do Sul
Bélgica
Dinamarca
México
Japão
Austrália
Empresa
Anheuser-Bush
Heineken NV
AmBev Brasil
Miller Brewing
S. African Breweries
Interbrew
Carlsberg
Ceveceria Modelo AS
Kirin
Foster's
Asmaiores cervejarias domundo
Bilhões de litros
12,1
7,3
6,2
5,2
4,3
3,6
3,3
3
2,9
2,8
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Fonte: Nielsen.
Schincariol
1...,76,77,78,79,80,81,82,83,84,85 87,88,89,90,91,92,93,94,95,96,...103
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