Revista ESPM - março/abril 2002 - page 87

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Revista da ESPM – Março/Abril de 2002
(Associação dos Bares e Restaurantes de
São Paulo) declarou estar bastante teme-
roso, pois a aprovação da AmBev leva à
formação de uma empresa muito forte, e
um grupo grande, sempre quer aumen-
tar seu poder, portanto é obrigação da
Abredi exigir que as autoridades cuidem
para que todos os pontos da decisão do
Cade sejam cumpridos. De acordo com
Maricato, as pressões para que haja, ven-
das casadas e aumento de preços estão
ficando cada vez maiores, o que o setor
não pode suportar mais. Para Melquíades
de Araújo, vice-presidente da Força Sin-
dical, existem dois pontos positivos que
podem ser destacados na decisão do
Cade. O primeiro é o da obrigatoriedade
da venda da cerveja Bavaria, o que di-
minui os riscos de cartelização. O outro
é a garantia da manutenção do emprego
por quatro anos. Ele espera que essa ga-
rantia se estenda também aos trabalha-
dores terceirizados. O presidente da
Fiesp (Federação das Indústrias do Esta-
do de São Paulo), Horácio Lafer Piva,
considera a criação da AmBev um pro-
cesso positivo; o Brasil começa a criar
suas próprias multinacionais. Já Jorge
Siqueira, gerente comercial e de
marketing da Santa Marina, empresa for-
necedora daAntarctica e da Brahma, afir-
mou que a fusão cria um potencial ex-
portador e isso deverá aumentar a deman-
da por seus produtos e melhorar também
a programação de fornecimento. Segun-
do ele, o lado negativo da união é que a
Ambev poderá exercer uma pressão mai-
or durante as negociações.
primeiro ficou responsável pela elabora-
ção de cursos de atualização e
requalificação profissional e o segundo,
pela realização de cursos de desenvolvi-
mento de novos empreendedores. Os ter-
mos dos convênios tiveram aprovação do
Cade, os quais são orientados e supervi-
sionados pelo Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE).
No mês de junho, a AmBev contra-
tou o banco de investimentos norte-ame-
ricano Donaldson, Lufkin & Jenrette
Securities Corp. (DLJ), especializado em
fusões e aquisições no mercado mundial.
O grupo passou a cuidar do processo de
negociações da venda da marca Bavaria
e das fábricas. No final de julho, já havia
10 companhias estrangeiras interessadas
na marca, entre elas foram citadas a South
African Breweries (SAB) e Anheuser-
Busch, nomes fortes do mercado
cervejeiro.
O DLJ manteve contato com as prin-
cipais empresas de bebidas do mercado
internacional e investidores financeiros.
A melhor proposta foi apresentada pela
Molson Inc., cervejaria líder no mercado
canadense com 45%de participação e 24.º
lugar no
ranking
mundial.As negociações
foram concluídas em novembro de 2000
e a marca Bavaria foi vendida à Molson
Inc. por US$ 213 milhões, dos quais US$
98 milhões foram pagos no fechamento
do negócio e o restante condicionado à
performance
da companhia.
A operação obteve aprovação do
Cade, a qual também envolveu a venda
das fábricas de cerveja localiza-
das emRibeirão Preto (SP), Ge-
túlioVargas (RS), Cuiabá (MT),
Manaus (AM) e Camaçari
(BA). As unidades foram e en-
tregues pela AmBev em plena
operação, que investiu cerca de
R$ 17 milhões para a venda,
cumprindo a determinação do
Conselho. No acordo a AmBev se res-
ponsabilizou pela distribuição da Bavaria
por um período de 10 anos.
Fundada em 1786, a Molson atuava
até então apenas na América do Norte, a
compra da Bavaria faz parte de sua estra-
tégia de internacionalização da marca
canadense. No primeiro ano (2001), o
faturamento líquido da Bavaria foi de
cerca de R$ 210 milhões, com uma pro-
dução de 300 milhões de litros. As cin-
co fábricas empregam 750 funcionári-
os. Para 2002, a Molson planeja expor-
tar uma nova marca, a Bavaria Export,
para o Canadá. Serão 30 milhões de gar-
rafas (10 milhões de litros) por ano.
Além disso, a Molsom adquiriu no iní-
cio de 2002 o controle da Kaiser, pas-
sando a ter uma participação expressiva
no mercado brasileiro.
4. Conclusão
Omercado mundial de cervejas é al-
tamente concentrado, em muitos países
uma ou duas cervejarias dominam mais
de 70% do mercado, entre elas podem
ser citadas a South African Breweries
que detém mais de 90% do mercado da
África do Sul e a Quinsa que possui 73%
do mercado argentino. O mercado bra-
sileiro de cerveja não foge à regra, ape-
3.2. Ações pós-fusão
Com a aprovação da fusão, aAmBev
iniciou suas ações para cumprir as res-
trições impostas pelo Cade no prazo de
oito meses. Em maio de 2000, a cerveja-
ria assinou convênios com o Senai (Ser-
viço Nacional de Aprendizagem Indus-
trial) e o Sebrae (Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas)
para requalificação de funcionários. O
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