Revista ESPM - março/abril 2002 - page 76

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Revista da ESPM – Março/Abril de 2002
onde ponho em cima de cada um
desses esportes o meu olhar pes-
soal”. E isso me dá um prazer muito
grande.
JR – Qual é o esporte que você
pratica ou praticou?
AN – Tentei todos que estão ao meu
alcance, da minha cultura. Tentei o
futebol, em várias posições; foi um
fracasso. Tentei vôlei e não conse-
gui. Tentei jogar tênis e não conse-
gui. Tentei jogar golfe e, depois de
tomar as primeiras aulas, saí cami-
nhando e perguntei ao garoto que
estava conduzindo a minha sacola o
que deveria fazer para que, na pró-
xima partida, eu me exibisse melhor.
Ele disse: “Sr. Armando, acho melhor
o Sr. trazer uma bússola, para nos
orientarmos e não perdermos tantas
bolas”. Na verdade, o meu grande
passatempo é voar de ultraleve, que
é o meu grande prazer. O tênis, ten-
tei durante 10 anos e foi o esporte
ao qual me dediquei mais. Eu sem-
pre conto uma história muito sabo-
rosa que se passou comigo. O Luiz
Felipe Tavares – da Koch Tavares –,
que foi um grande tenista e desper-
diçado pela falta de juízo. Ele disse:
“Armando, o que você precisa é fa-
zer uma clínica de tênis. Você vai a
San Diego, em La Jolla e procura o
Pancho Segura. Eu fiquei lá uma
semana, recomendado pelo Luiz
Felipe – eles eram muito amigos. No
último dia de aula, fomos jantar e –
entre um copo de vinho e outro –
perguntei ao professor o que ele me
aconselharia, daí para diante. Ele me
disse: “Armando, você passe exata-
mente 60 dias longe das quadras;
guarde a raquete; esqueça o tênis.
No fim de 60 dias, você estará deso-
brigado de jogar tênis”.
JR – Para não terminarmos numa
nota de fracasso como tenista.
Qual foi a sua grande alegria
profissional? Se é que foi uma só.
AN – Na minha profissão, você não
tem grandes oportunidades de dizer:
eu fui muito feliz. Porque a sua felici-
dade, na minha posição – não de
criador, mas de recriador –, é sem-
pre por tabela. É o sucesso do Guga;
os títulos do Guga. A Copa de 58.
Tudo isso me deu grandes alegrias,
mas não participei diretamente. A
minha alegria profissional foi ter po-
dido publicar oito livros em que pas-
sei as minhas idéias do esporte, a
minha experiência, a minha convi-
vência com grandes jogadores. Mas,
eu acho que um jornalista não é pro-
tagonista; ele é apenas testemunha.
JR – Mas você esteve à frente –
com poder de decisão – da maior
organização de comunicação do
Brasil. Você dirigia o jornalismo da
Globo.
AN – Quando você me fez a pergun-
ta, eu estava inteiramente voltado
para o universo esportivo. Nem es-
tava preocupado com essa experiên-
cia, que vivi na TVGlobo. Não foi uma
coisa pessoal. Televisão é um ato
coletivo. Eu, realmente, fui uma peça
de uma bela engrenagem que foi
montada na Rede Globo pelos pro-
fissionais. Mas, eu não saberia
quantificar os meus méritos nesse
trabalho. Não existe uma obra de
autor na televisão. Eu poderia dizer
que isso tudo aconteceu sob a lide-
rança do Boni que, com grande
profissionalismo, nos motivava a to-
dos. Mas, muita gente me ajudou,
durante esses 25 anos, a fazer o jor-
nalismo da Globo, e me ajudou a
carregar aquele fardo, numa época
em que você tinha grandes frustra-
ções da ditadura, de não poder noti-
ciar. Na verdade, eu não poderia ca-
talogar como uma alegria profissio-
nal; foi uma contribuição que a vida
me deu e aprendi muita coisa.
Aprendi muitas lições, dirigindo o jor-
nalismo da Globo. E eu achava mui-
to engraçado porque as pessoas me
chamavam “o todo poderoso diretor
de jornalismo da Rede Globo”, quan-
“Euachava
engraçadoas
pessoasme
chamaremde ‘todo
poderoso diretor de
jornalismo da Rede
Globo’, quando eu
sabia que era
apenasoexecutor.”
apenasoexecutor.”
“O que antes era
uma coisa de puro
prazer, hoje, vale a
penacomo
penacomo
investimentoAcho
que o marketing
esportivo é um
bomcaminho para
o jovem.”
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