Ricardo
Zagallo Camargo
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J A N E I RO
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F E V E R E I RO
D E
2006 – REV I STA DA ESPM
Embora já sejam percebidos como
detentoresdepoderpelasempresas,
os consumidores ainda são muitas
vezes vistos de maneira simplifi-
cada. Algumas tardes na casa de
uma família de consumidores não
parecem suficientes para mostrar
como são essas pessoas. Colocar-
se no papel do outro não é fácil.
Esbarrões no cotidiano não são
suficientespara tiraracrostadopre-
conceito. A revelação do outro só
ocorre de fato a partir do respeito.
As inovações tecnológicas, por sua
vez, não são isentasenempossuem
valor intrínseco. Definem-se pela
maneira como nos relacionamos
com elas. O mercado opera fre-
qüentemente num círculo fechado,
gerando usos padronizados e
limitados. Para romper esse ciclo
um bom começo é uma atitude
crítica e curiosa, que permita re-
pensar constantemente nosso rela-
cionamento com a tecnologia.
A busca de conhecimento deve
estar focada,portanto,nas relações,
onde interesses e visões demundo
se encontram. Focar a relação não
significa, contudo, igualar diferen-
tes papéis que devem ser desem-
penhados. É preciso perceber as
identidades não como definidoras,
mas como algo que possa ser
utilizado pelos atores sociais sem
engessá-los.
É fundamental umestadodedispo-
nibilidade para experimentar
novas formas de relação com o
mundo. Como bem exemplifica o
caso retratado em crônica de
Mário Prata, onde uma menina,
ao descobrir, no sótão, uma má-
A imagemdeumgolfinho
deslizandoem tornodeuma
âncoradecoravaas capas de
todasaspublicaçõesdeAldo
Manuzio, editorvenezianoque,
em1453, “inventou”o livro.
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