Christopher
Csikszentmihalyi
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J A N E I RO
/
F E V E R E I RO
D E
2006 – REV I STA DA ESPM
presa jáusaouvocêé forçadoausá-
lo, por ordemde seu chefe. Já estão
surgindo
webservers
muitomelhores
queosdaMicrosoft e sevocêestiver
usandooutro
software,
onovo
Office
pack
não lhe servirá mais.
JR
–Seriaumamudançadramática.
CHRIS
– As grandes empresas po-
derãodeixar de comprar lotes e lotes
dos produtos Microsoft, rejeitando a
sua “ditadura”. O pacote deles
atenderá às necessidades do mundo
todo?Esesurgiroutromelhor?Eo
open
source
grátispara
software,
está longe
de ser ummodelo socialista, nada
disso. Todos os que trabalham nele
estão ganhando uma grana... Não se
trata de ummodelo anticapitalista,
masanti-Microsoft. Sua linhadeargu-
mento tem sentido: com o advento
da internet, as pessoas podem agora
trabalhar juntasemqualquer lugardo
mundo! Isso vai afetar produtos e
serviços em toda parte.
JR
– Você acha que a Apple terá
condições de voltar ao que foi, no
ramo da computação?
CHRIS
– A Apple é um nicho de
mercado. Nessemomento, de fato,
quemquerumaopçãoestápreferindo
o Linux. E haverá sempre mercado
para a Microsoft. Eles encontrarão
um jeitode lidarcomasituação,pois
certamente têm bastante dinheiro
para isso.Nospróximos5ou6anos,
contudo, vão perder boa parte do
mercado global de sistemas
operacionais.Ouvique,noBrasil,não
são muitos os que pagam pelo
Windows. Por isso a Microsoft está
tentando criar uma “Jihad global”
contra a pirataria, com leis de
copyright
draconianas. Estão
pressionando o mercado, tentando
criar uma legislação cada vez mais
severa.
JR
–Muitodessemovimentode
open
source
software
partiu doMIT.
CHRIS
–Houvemuitoscasosdepro-
fessores que criaram
softwares
livres
e distribuíram-nos aos amigos.
Acontecia que os amigos transfor-
mavam aquelas idéias em negócios
rentáveis.Tudo bem, nada de errado
com isso...
JR
–Na suaopinião, quais as conse-
qüências de as memórias ficarem
cada vez mais baratas e commaior
capacidade?
CHRIS
– É meio complicado. Os
programadoresconsideramamemó-
riacomoconveniência,umamaneira
para armazenar dados em um
computador. As pessoas
pensam
como bases de dados: “Eu não
consigo me recordar disso por mim
mesmo, deixe-me clicar no compu-
tador etc.”, e assim vai. Depois de
certo tempo, você esquece de onde
tudocomeçouequais sãoos limites.
Hoje em dia, as memórias de
computadores são uma combinação
de memória fotográfica, vídeo,
áudio, textos etc. Dizem que o
detectador de tendências
(trends
mediasearching),
se tornarácadavez
mais importante. Sou um pouco
cético, achoque faltapesquisa sobre
isso.Umexemploéosistema
FireFly
,
que a Amazon Books usa para
recomendar livros ou discos a seus
leitores-clientes. O programa
analisa o que você comprou para,
então, fazer-lhe sugestões. Um
amigo meu alimentou o banco de
dados deles com todas as músicas
que tinha escutado. O sistema
analisou-o, e recomendou-lhe um
grupo –
The Pixies
– que ele sim-
plesmente odiava. O lado mecâ-
nico da tecnologia foi importante,
nosúltimos20anos.Abuscadeno-
mes e números, na internet, é sur-
preendente. No campo da inte-
ligência artificial, contudo, houve
pouco progresso. É preciso encon-
trar inteligibilidade em sua própria
memória. Computadores farão
ainda coisas completamente dife-
rentesdos sereshumanos,no futuro.
Sistemascomo reconhecimentosde
rostos funcionamdeum jeitomuito
diferente de como os seres huma-
nos reconhecem as pessoas. O
sistema trabalha com base em da-
dos estatísticos, numéricos – nada
avercomoo serhumano reconhece
rostos. É um bom sistema artificial,
como a luz artificial, que é ótima
para nossa vida diária, já que
podemos enxergar as coisas. Só se
pudermos construir sistemas capa-
zes de recuperar informações da
mesmamaneira comonós recorda-
mos os fatos, ou como nós quere-
mosencontrarascoisas, éque serão
aceitos – ainda que trabalhem com
base em princípios e métodos
diversos.
JR
–Vocêachaquepode serporque
ainda não compreendemos a nós
próprios, inteiramente?
“O
OPENSOURCE
VAIOBRIGARA
MICROSOFTAMUDAROSEUMODELODENEGÓCIOS.”
