Janeiro_2009 - page 44

Entrevista
R e v i s t a d a E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2009
44
Gracioso – E como vocêdefine
essamissão?
Luiza – Sempre me preocupei com
isso,desdemenina.Viaempresasboas,
excelentes, mas que não iam para
frente; as pessoas eram felizes,mas as
empresas quebravam. Via empresas
bem,financeiramente,ondeaspessoas
eramoprimidas, não tinham liberdade
deexpressão,commuitomedodeper-
derocargo.Eomeudesafiopessoalera
pensar:comosepode terumaempresa
que cresça, ganhe dinheiro e onde as
pessoas sejam felizes? Saber queali as
pessoas estão em primeiro lugar, mas
que se tenha lucro, jáque issoé indis-
pensável para a sobrevivência. Desde
meninaessaeraaminhametapessoal,
alémdesentir-mecomoumadefensora
da pequena empresa, porque é a que
geramaisempregos,nomundo.Tenho
essasduascoisasbemclarasdentrode
mim. Ealguns propósitos: deverdade,
detransparência;nãofalarmaldaspes-
soaspor trás,sempre falaroquepenso,
na frente; isso tem seu ladopositivo e
negativo–mas tenho tentadonãoabrir
mãodaminhaessência.
Gracioso–Qual o tempomédio
de permanência noMagazine Lui-
za dos seus principais executivos,
aqueles homens em quem você
realmente confia?
Luiza –Temosmuitos executivos jo-
vens,na faixade40anos,queestãona
empresahámaisde20.Umprofessor
daUSPcomentouqueéimpressionante
como tenho funcionários antigos que
ainda são jovens... Mas, de vez em
quando, temos demesclar isso, e nos
doisúltimosanoscontratamos trêsno-
vosexecutivosqueestãoháseismeses,
umanoedoisanos.Aempresaesteano
ganhou o Great Place – As melhores
empresasparaumexecutivo trabalhar;
jáfomosamelhorparaamulher,jáesti-
vemosnaposiçãodenúmeroumcomo
aMelhordoBrasileestamosentreas10
melhoresháonzeanos seguidos...
Gracioso–Certavez,fizumestudo,
cruzando dois bancos de dados da
EditoraAbril,as500maioresempresas
com as 100melhores empresas para
se trabalhar, e descobrimos que as
melhores empresas para se trabalhar
são tambémasmais lucrativas.
Luiza–Ovarejo tem tidoproblemas,
porquenão foi acostumadoa investir
em pessoas. Mas há outros motivos:
a última coisa que uma pessoa quer
ser évendedor; quandoelanãocon-
seguiamaisnada–profissionalmente
– ia ser vendedor, eusava-semuitoo
papeldovarejocomo trampolimpara
conseguir outro emprego. Uma das
minhas missões de vida foi assumir
que eu era vendedora. Assumi isso
claramente, nas páginas amarelas da
Veja
. Hoje, dos nossos 800 líderes,
85% vieram de baixo e transfor-
maram-se em gerentes, diretores
–porque, noMagazine, apessoa faz
o seu próprio desenvolvimento, não
depende do chefe oude outros fato-
res.TemosumBancodeTalentosonde
émedidoo resultadooperacional de
cada um – no nosso caso, vendas,
margens eoutras coisas.
Gracioso – Perguntei à Chieko
Aoki “o que motiva o seu pessoal,
os seusexecutivos”eela respondeu
que“eles sentemorgulhodoque fa-
zem”.Repitoaperguntaparavocê:
Oquemaismotiva o seupessoal?
Luiza–Acreditoqueeles se sentem
umpoucocomo se fossemdonos do
negócio–pelomenosamaioria, por-
quenuncaestão todossatisfeitos.Cui-
damosmuitodedesenvolveroespírito
empreendedor dos funcionários, até
naparticipação,nos resultados, seele
dámais lucro, ganhamais, pode dar
sugestões, denunciar coisas erradas
e sempre pedimos que ajudem, para
quenãosepercaestaalmadaempre-
sa. Ninguém émandado embora de
surpresa, não se fala mal dos outros
pelas costas e há a confiança de que
se, amanhã, tiver de ser substituído,
ele será avisado da demissão. Essa
confiança é uma coisamuito boa, a
transparência...por issosentem-seum
poucodonosdaempresa.
Gracioso –Você considera que o
Magazine é uma empresa orientada
para o mercado; você faz, atende e
entrega aquilo que o seu mercado
realmentequer,ouaindanão?
Luiza–Souorientadaparaocliente.
Temos muito respeito pelo consumi-
dor e se ele não for bem atendido, se
meenviar ume-mail, nahoraeu ligo,
redireciono–eé impressionantecomo
opessoalmeavisa–mesmoqueeste-
jam zangados comigo, me avisam. A
velocidadedasmudançasnomercado
é tão rápida, atualmente, que – se eu
disser que estou preparada o tempo
todo não será verdade – então estou
sempretentandoestarpreparada.Acho
queoMagazineLuiza foi inovadorno
varejo em várias coisas, como nesse
investimento em pessoas, bolsas de
}
Onde as pessoas eram felizes, as empresas quebravam.
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