Mauro Salles
Revista daESPM –Maio/Junho de 2003
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Interlagos; criei onomeJangada
para a Simca... Quando a
Volkswagen e a Willis, para
atender ao pedido da Caixa
Econômica, de fazer um carro
barato, sem frisos, semnada, eu
batizei os dois: chamei o
Volkswagen de “Pé de Boi” e o
Dauphinede “Teimoso”–eume
divertia com essas gracinhas.
Ajudei a batizar de “Candango”,
o jeep da Vemag, também do
Toledo Piza. Foi quando o Max
Pearcemechama, comocronista
deautomóveis–poiscontinuava
escrevendo–paramostrar como
iria ser o novo AeroWillis Luxo.
Isso foi em agosto de 65 – e o
carro ia ser lançado em novem-
bro. Ele me mostrou o carro, o
estilo, e depois ia mostrar a
campanha da Norton, para o
lançamento. Isso foi antes do
almoço. Naquele tempo, costu-
mava-sedizer queas fábricasde
automóveis eram restaurantes
cercadosde linhasdemontagem
por todosos lados.O restaurante
da Willis era muito bom, o da
Volkswagen ainda melhor (não
tinha caviar, mas tinha umas
coisas interessantes, tinhagente
finíssima, o Euclides Aranha,
PauloQuartimBarbosa). Quando
acabou, eu fui para a fábrica e,
noalmoço, perguntaram: “Oque
é que você achou?” Respondi:
“Achoquevocêsestãodandoum
furo na água, vocês não enten-
demnada,nemdaquiloquevocês
representam.”Nos Estados Uni-
dos, quando se fazia um carro
com
up-grade
, a lição que a
gente aprendeu lá era mudar o
nome, ouseja, você temoForde
oMercury–oMercuryéumFord
melhorado. Você temoPlymouth
e o Packard, o Packard é um
Plymouth piorado.... Você tem o
Chevrolet e o Pontiac. Então,
continuei: “não há como vocês
chamarem isso de Aero Willis,
que, hoje, éo carrodopovão, do
motorista de táxi. O que vocês
estãoquerendo– jáqueexistem
essesobstáculosà importação–
éumcarrode luxo,quevai custar
maiscaro, paraatrairgentemais
luxuosa.Vocênãovaipoderdizer
“omeuéumAeroWillisquenão
é um táxi”. Tem que mudar o
nomedesse troço.Quandoquise-
ram mostrar a campanha, eu
disse: “Nemmemostremacam-
panha da Norton, porque a
campanha vai estar errada por-
que o nome está errado.”
É evidente que o Sr. Frank
Erdmann–quedepois veioa ser
vice-presidentemundial daFord,
foi Presidente da FordAustrália,
da Ford Japão, um craque – fez
aquiloqueamericano faz: “Ah,é?
Então diz como é que tem que
ser.” Eu: “Você me dá uma
semana e trago um projeto para
esse carro. Com uma condição:
estouquerendo sair daTVGlobo
–porqueoDrRobertoMarinhoé
uma pessoa que não entende as
coisas. Eu ofereci a ele uma
oportunidade formidável de ser
meu sócio, deeuentrar de sócio
na TV Globo, e ele disse que os
únicos sócios queele tem lá são
os três filhos, os dois irmãos e o
Dr. Herbert Moses, que foi
companheiro do pai dele ao
fundar
OGlobo
.Comopoderia ter
oMauroSallesdesócio?“Então,
Dr. Roberto, estou, apartir desse
momento, liberado, porque vou
sairdaTVGlobo.”Eleperguntou:
“Vocêvai fazerumJornal?”“Não
há amenor condição, não tenho
dinheiro nem espaço para fazer
um jornal; não vou fazer uma
revistaemuitomenos fazer uma
TV ou uma rádio, mas vou
procurar fazer uma empresa de
comunicação–ouumagênciade
notícias – ou uma agência de
propaganda.” “Mas você nunca
fezpropaganda...”Eudisse: “Vou
tentar.”Ele riu.Entãoeudisseao
pessoal da Willis: “Em uma
semanaeu tragooprojeto.Mas,
se vocês o aprovarem, eu quero
toda a conta daWillis Overland
do Brasil, para abrir uma agên-
cia.” Riram bastante, acharam
ótimoe fecharam.
Naquele tempo, uma coisa
muito importante, no Brasil, era
a escolha das “Dez mais Ele-
gantes”, uma promoção do [cro-
nista social] Ibrahim Sued. Ele
tinha sido de
OGlobo
–mas foi
para o
Diário de Notícias
, era o
Ibrahim Sued, do
Diário de
Notícia
s e
Manchete
. No fim do
anoeleapresentavaAsDezmais
Elegantes, num grande jantar.
“O
restaurante
da
Willis
era
muito
bom
,oda
Volkswagen
ainda
melhor.”
“E
ra
um
‘penetra
profissional’ –
muito
inteligente.
”