maio
/
junho
de
2010 – R E V I S T A D A E S P M
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Comentário
Namaioriadasgrandesempresas,principalmente
multinacionais, as pessoas aprendem a não ter
iniciativa, a não ter autonomia. Não dizem, mas
sinalizam que eles são imaturos e não podem
tomar decisões por contaprópria.Quando lhes é
dadaaliberdadeeautonomia,elesnãosabemoque
fazer comelaeficamesperandomais indicações,
orientações, controle, cobrança. É assim que eles
foramcondicionados.Sentem-se inseguroscoma
faltadeorientação.Nãoconseguemtomardecisões
porcontaprópria, commedodeerrar.Estãoacos-
tumadosaque lhesdigam, exatamente,
oque e como fazer. Jamais serão intra-
empreendedores, pois quem tem perfil
empreendedoralmejaa liberdadeacima
detudo,aautonomiaparatomardecisões
edeerrar comelas também,mas assu-
memoerrocomopartedoaprendizado
e seguem em frente. Alguns adminis-
tradores se tornam líderes, aqueles que
tomam essas situações como oportunidade para
sediferenciardosdemaisequeaprendem, coma
prática,a tomardecisõesacertadasese tornamos
líderesdeamanhã.Masapenasalgunsse tornam
líderes-empreendedores, aqueles que aprendem
a lidar com informações imprecisas, assimétricas,
incertas. Aqueles que, com esse aprendizado,
tambémganhamautoconfiançaparasesentirem
maisàvontadecomosambientesambíguoseassim
se destacarem como referências diante daqueles
quenãoatingiramessegraudematuridade.Não
devemosguiar todospelamão,mas tambémnão
existe nenhuma fórmula para ensinar a ganhar
essaautoconfiança.
O desafio das lideranças é identificar, despertar,
formar e conduzir os intraempreendedores que
existem nas empresas. Porém, ser líder não é
suficiente para enfrentar esse desafio, porque o
intraempreendedoréumafiguradifícildeselidar.
É preciso ser um líder empreendedor, reunir as
característicasde liderançaeempreendedorismo,
poisumacoisaécerta:Empreendedoressópodem
ser lideradosporempreendedores!
O líderes-empreende-
dores sãoaqueles que
aprendem a lidar com
informações impreci-
sas eassimétricas.
ES
PM
MARCOSHASHIMOTO
CoordenadordoCentrodeEmpreendedorismodo Insper.DoutorpelaEAESP/FGV,autordos livros
Espíritoempre-
endedornasorganizações
e
Liçõesdeempreendedorismo
edosoftwaredeplanosdenegóciosSPPlan.
Cena3
Por iniciativa do RH, você
aceita um grupode alunos
deuma faculdadedeadmi-
nistração para um estágio
de férias. Pede então para
elesorganizaremumevento
emqueseusclientesdariam
depoimentos sobre alguns
dos serviços que a empresa realiza. Você sugere
algunsdessesclientes,qualopropósitodoevento,
qual opúblico-alvo edizque, seprecisassemde
orientaçãoousetivessemdúvida,queoprocuras-
sem. Eles saemmuito animados para realizar o
eventoeao longodasemanavocê recebee-mails
com perguntas: quando seria o evento? Ainda
noprimeiro semestre, é a sua resposta.Quantas
pessoas eram esperadas? Omáximo possível,
você responde. Quanto tempo deveria durar?
De 1 a 3horas. Como fazer a comunicação?Por
e-mail, cartazetes ou qualquer outra forma que
acharemadequado.Teriaum
coffee-break
?Nãohá
orçamento, então, só se conseguiremuma verba
depatrocínio comalgumadasáreasque se inte-
ressassepor esse contato comopúblico-alvoetc.
Ose-mailsvãodiminuindoevocêpercebequeeles
foramperdendoo interessenaatividade.Aoper-
guntaroquehouve, eles respondemque tinham
perdido amotivação, pois você não os cobrava,
deixava-osmuitosoltoseeramuitosubjetivonas
suasorientações. Elesqueriam saberqual seriao
tamanho da sala. Quais canais de comunicação
usar.Quanto custariao evento.Onde conseguir
opatrocínio.Quedataexatamentemarcar.Como
convidarosclientes...